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Volta às aulas presenciais: como enfrentar os desafios diante da covid-19 e suas variantes

Com a doença em alta e o governo negligenciando a vacinação de crianças, cenário é complexo. Falta estrutura adequada para garantir segurança

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Escolas ainda mostram dificuldades em se adaptar aos protocolos mais seguros para proteger as crianças, ainda não vacinadas

São Paulo – A maioria dos estados determinou o retorno do ensino presencial no segundo semestre de 2021. Agora, com a chegada do novo ano, o sistema educacional deve promover a volta às aulas e apenas estados do Norte e Nordeste ainda não confirmaram a retomada completa. O avanço da vacinação ajudou a melhorar o cenário da covid-19, entretanto, com o relaxamento de medidas como o distanciamento social e o uso de máscaras, os casos voltaram a subir em todo o país. Para completar o cenário, as escolas mostram dificuldades em se adaptar aos protocolos mais seguros para proteger as crianças, ainda não vacinadas.

Soma-se a isso o avanço da variante ômicron, mais contagiosa, e o governo federal trabalhando para boicotar a proteção da vida dos mais jovens. São 38,5 milhões de matriculados no ensino público e 8,8 milhões no privado, com um total de 47,3 milhões na educação básica. Os dados são do Censo Escolar de 2020. A maioria está no ensino municipal (48,4%), seguido pelo estadual (32,1%) e redes privada (18,6%) e federal (0,9%).

Falta estrutura

Para um retorno seguro, com o atraso na vacinação, é essencial seguir protocolos sanitários mais rígidos. Entretanto, pesquisa produzida pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) apontou que 72% das redes municipais avaliaram o cumprimento dos protocolos de segurança sanitária como de dificuldade fácil a moderada, aumentando o grau de dificuldade para creches e pré-escola.

Além disso, os dados oficiais revelam a insegurança do retorno. De acordo com números do Sistema Nacional Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, tabulados pelo portal Pindograma a pedido do jornal Folha de S. Paulo, só 44,8% das escolas estaduais do país têm ventilação considerada adequada. Esse número sobe um pouco nos municípios (46,5%) e é significativamente maior na rede federal (59,2%) e na rede privada (81,6%).

Volta às aulas sem segurança

Perguntadas pela revista Poli, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sobre a realização de obras ou compra de ventiladores como parte dos protocolos de segurança sanitária em meio à pandemia,12 secretarias estaduais de educação (PR, SP, RJ, MG, MA, RN, AL, SE, PE, AM, MT, MS) responderam à reportagem. Nenhuma relatou obras específicas de ampliação da ventilação, mas todas garantiram que houve investimento na melhoria das escolas, sem detalhar quais, e enfatizaram a autonomia de cada instituição para aplicar o dinheiro repassado pelos governos.

Outro problema tem relação com as máscaras. As secretarias informam que vão distribuir máscaras de pano para os alunos. De acordo com estudos, estes itens, em ambientes fechados, não possuem alta eficácia. O correto, de acordo com os cientistas, seria a distribuição do modelo PFF2. ““É um risco você colocar uma máscara de tecido em um ambiente fechado”, explica o pesquisador do laboratório de Clima e Saúde da Fiocruz Diego Xavier.

As melhorias necessárias, de acordo com a Fiocruz, ultrapassam a questão da covid-19. “Embora a gente tenha que reconhecer que as escolas precisariam melhorar também a sua infraestrutura, sobretudo porque vamos vivenciar possivelmente um ciclo pandêmico, com o surgimento de outros vírus respiratórios. Pensar na melhoria da qualidade do ar não diz respeito somente ao enfrentamento da covid-19, mas significa reconhecer o quanto as escolas já eram potenciais disseminadoras de outros vírus respiratórios”, afirma Xavier.


Com informações da revista Poli

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