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Prefeitura de São Paulo entrega tablets sem chip às escolas

Equipamentos deveriam ser distribuídos para auxiliar as crianças no ensino remoto. Muitos, porém, estão guardados, sem conexão com a internet

Prefeitura de SP/Divulgação
Prefeitura de SP/Divulgação
Tablets para os alunos da rede municipal haviam sido prometidos para o final de 2020

São Paulo – Reportagem do portal UOL publicada nesta segunda-feira (19) revela que parte dos tablets distribuídos pela prefeitura de São Paulo às escolas municipais estão guardados, sem condições de uso. Os problemas foram relatados por um diretor de escola, um coordenador de ensino e uma professora da rede municipal, que preferiram não se identificar. Segundo eles, a ausência dos chips e a falta de equipe técnica para configurar os equipamentos foram registradas em suas unidades e “em muitas outras”.

O então prefeito Bruno Covas (PSDB) havia prometido a entrega dos equipamentos no início do ano, para garantir que os alunos pudessem acompanhar as aulas remotamente. Porém, ao final do primeiro semestre, menos da metade dos tablets prometidos haviam sido distribuídos. E muitos não puderam ser oferecidos aos estudantes.

O contrato de R$ 437 milhões para o fornecimento de 465 mil tablets foi assinado em novembro de 2020 com a empresa Multilaser. Destes, apenas 200 mil foram entregues. Já o edital para fornecer os chips de acesso à internet foi fechado em janeiro com a Claro (R$ 111,7 milhões) e a Oi Móvel (R$ 13,9 milhões).

As famílias dos alunos relatam o medo de enviá-los às escolas, por conta da pandemia, e detalham as dificuldades para oferecer a eles as condições mínimas para o estudo remoto. São famílias pobres que não têm os equipamentos adequados e há casos em que a mãe empresta o seu celular aos filhos, mas as atividades escolares acabam consumindo todo o pacote de dados.

Os casos

Uma escola na região central da capital recebeu 836 tablets em 24 de março. Contudo, os equipamentos continuam guardados, à espera dos chips de internet móvel, de acordo com o diretor.

Outra escola, na zona leste, também recebeu 714 equipamentos, mas os chips não foram entregues. Segundo a professora, há cerca de duas semanas um técnico da Secretária de Educação apareceu, com apenas 10 chips, no entanto. As máquinas foram configuradas e distribuídas aos alunos.

Outro coordenador de ensino de outra unidade na zona leste relatou que recebeu os chips no início do mês passado. Porém, os técnicos de informática não apareceram. Ele e outros professores resolveram, então, “colocar a mão” na massa para configurar os equipamentos. Além da ativação dos chips, é necessário instalar um aplicativo que impede o acesso de conteúdos impróprios às crianças.

Questionada, a secretaria não justificou o atraso na entrega dos tablets e dos chips nas escolas e no envio das equipes técnicas. Já a prefeitura afirmou que a compra dos aparelhos “seguiu a legislação”. E, “em função da pandemia, estão escalonando a distribuição seguindo os protocolos de segurança”.