Segundo semestre

Escolas de São Paulo só devem aumentar aulas presenciais em agosto

Secretário da Educação de São Paulo disse que não haveria benefício em ampliar agora o número de estudantes em aulas presenciais, atualmente em 35%

arquivo/ebc
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Havia expectativa de aumento do número de estudantes em aulas presenciais em São Paulo, mas isso só deve ocorrer após as férias de julho

São Paulo – O secretário estadual da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, disse nesta quarta-feira (9) que o percentual de estudantes em aulas presenciais no estado só deve ser aumentado em agosto. Atualmente, as escolas podem receber até 35% dos alunos. Porém, como a fase de transição do Plano São Paulo recomenda até 40% de ocupação dos estabelecimentos comerciais – mas sem qualquer fiscalização –, havia expectativa de aumento da ocupação também nas escolas. O governo paulista também anunciou hoje a antecipação do início da vacinação de professores e outros profissionais da educação, de 18 a 45 anos, para a próxima sexta-feira (11).

Segundo Soares, a secretaria está preparando um plano de volta às aulas considerando a vacinação dos professores e um possível aumento do número de estudantes por sala, considerando as condições de cada escola e não mais um valor universal para toda a rede. Ele considera que não valeria à pena ampliar de 35% para 40% o número de estudantes em aulas presenciais em São Paulo, por que as escolas estão em período de finalização do semestre e organizadas com fluxos e “bolhas” (grupo de pessoas que convive de forma cotidiana).

“Estamos muito próximos do fim do primeiro semestre. De nada adiantaria (ampliar a presença física de alunos), neste momento, em que as avaliações estão sendo aplicadas, por exemplo, na rede privada. A maioria das escolas particulares entra em férias agora, em pouco dias. A rede pública também tem 15 dias de férias do meio para o fim de julho. Não teria por que fazer uma mudança absoluta. Nossa estratégia está em organizar a vacinação, revisar todos os protocolos, que vamos apresentar na próxima semana e fazer uma mudança com grande estabilidade no processo educacional”, disse o secretário.

Tentativa e erros

As aulas presenciais em São Paulo foram retomadas em 8 fevereiro, mas com o agravamento da pandemia acabaram suspensas novamente em 15 de março. Nesse período, a Secretaria da Educação registrou 4.084 casos confirmados de covid-19, 24.345 casos suspeitos e 19 mortes.

Na cidade de São Paulo, a rede municipal de educação registrou 854 surtos de covid-19 (quando são registrados dois ou mais casos no mesmo local) no mesmo período. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) contabilizou 51 profissionais da educação e dois estudantes mortos pela covid-19 no período.

Logo após o pico da pandemia, em abril, o governo João Doria (PSDB) determinou nova volta às aulas, mas, com o descontrole da situação, nunca conseguiu aumentar o percentual de 35% dos alunos nas aulas presenciais em São Paulo. Porém, segundo levantamentos da Apeoesp, as escolas não chegaram a receber muito mais que 5% dos estudantes. O sindicato registrou que mais 40 profissionais da educação e um estudante morreram de covid-19 desde a retomada em abril.

Riscos maiores

Além do risco direto para estudantes e profissionais da educação com as aulas presenciais em São Paulo, pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, nos Estados Unidos, concluiu que familiares de alunos que estão frequentando a escola em período integral têm de 30% a 47% mais chance de pegar covid-19 em relação a parentes de estudantes que estão em ensino remoto.

Para estudantes em horário parcial há uma redução do risco, mas ainda assim a chance de um parente que vive com a criança se contaminar é 21% maior do que para estudantes que estão em ensino à distância.

“Mesmo que a transmissão nas salas de aula seja rara, as atividades relacionadas à escola presencial, como a retirada e a entrega do aluno, as interações do professor e mudanças mais amplas no comportamento durante o período escolar podem levar a aumentos na transmissão na comunidade”, alertam os pesquisadores. Hoje, São Paulo registra uma taxa de quase 400 casos de covid-19 por 100 mil habitantes. Os parâmetros internacionais consideram que a pandemia está fora de controle a partir de 100 casos a cada 100 mil habitantes.