Cooperação bilateral

Institutos dos ex-presidentes Lula e Cristina Kirchner fecham convênio em busca de integração regional

Acordo será selado em evento virtual nesta sexta (14), às 17h. Internacionalização marca nova fase do instituto brasileiro

Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
"Estamos trabalhando na perspectiva de construir uma visão sul-americana", disse o presidente do Instituto Lula

São Paulo – Com o objetivo de contribuir para uma nova integração regional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta sexta-feira (14) convênio do Instituto Lula com o Instituto Pátria, fundado pela ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner. Atuantes na formação teórica de seus quadros políticos, os dois centros também buscam com o acordo, o primeiro de cooperação internacional, construir iniciativas para apoiar projetos governamentais.

O ato de assinatura será transmitido pelas redes sociais dos institutos, às 17h, com mensagens de Lula e Cristina Kirchner. O senador Oscar Parrilli, que preside a sede do instituto argentino, em Buenos Aires, e o presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann, também participam do evento. A aliança vem sendo construída desde o início deste ano. Em entrevista ao jornal La Nacion, em abril, Pochmann descreveu que a cooperação internacional marca “uma nova fase do Instituto Lula”, principalmente após os ataques da operação Lava Jato contra Lula, cujas sentenças foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

“Estamos trabalhando na perspectiva de construir uma visão sul-americana. O caso do Instituto Pátria foi uma oportunidade espetacular”, comentou.

Construção de um bloco soberano

Em dezembro do ano passado, o ex-presidente Lula, durante uma palestra ao Instituto Pátria, já destacava seu intuito de formar uma parceria. Segundo ele, o acordo seria o início da restauração dos tempos que marcaram as primeiras décadas dos anos 2000 na América Latina, com o avanço dos governos progressistas. Atualmente, Argentina e Brasil vivem em projetos políticos opostos. Enquanto no primeiro a esquerda segue sendo representada pelo argentino Alberto Fernández, no caso brasileiro, a extrema direita, com Jair Bolsonaro, ocupa o poder. 

“Agora estamos tentando começar a recuperar país por país. No Brasil haverá eleições em 2022 e acho que é perfeitamente possível que a esquerda volte a governar. Minha experiência política mostra que é possível construir uma democracia soberana e um bloco forte”, garantiu Lula à época.

Embora seja formalizada na tarde de hoje, a parceria dos institutos já prevê a abertura de um primeiro ciclo formativo para as próximas cinco semanas. Intitulado de “Um projeto comum – integração e soberania”, o seminário está com inscrições abertas e conta com ex-ministros e embaixadores dos dois países que conduzirão os estudos. A primeira aula será realizada nesta sexta, na conferência Desafios da Política Externa Soberana na América Latina.