greve dos professores

Volta às aulas no pior da pandemia é ‘negacionismo’, diz Bebel

Presidenta da Apeoesp classifica como irresponsável o retorno às atividades presenciais nas escolas sem que os profissionais tenham sido vacinados

Reprodução/Agência Senado
Reprodução/Agência Senado
"Estamos sendo convidados a pegar o coronavírus e ficar doentes", afirmou a presidenta da Apeoesp

São Paulo – Para a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), deputada Maria Izabel Noronha, a Bebel (PT), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adota postura “negacionista” ao forçar a volta às aulas presenciais na rede pública. Com essa postura, o governador também entra em contradição, já que ao mesmo tempo ele se diz um defensor da ciência e se esforçou na busca pela vacina.

Contra a volta precipitada às salas de aula, que não possuem infraestrutura adequada para o retorno seguro das atividades, os professores da rede estadual declararam greve a partir desta segunda-feira (8).

“Ele (Doria) correu atrás da vacina. Mas sua atitude passa a ser negocionista, quando não quer reconhecer que a sala de aula é ambiente propício para os alunos levarem o vírus para casa ou trazerem para o professor”, disse Bebel, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (8).

De acordo com a dirigente, a maioria das salas de aula não tem condições adequadas de ventilação, por exemplo. Também faltam banheiros para que os alunos e professores possam garantir a higienização adequada. Por outro lado, os números da pandemia apontam uma situação mais grave agora do que em março do ano passado, quando as escolas foram fechadas.

Bebel ressaltou que, em sua maioria, são alunos pobres, da periferia, que não têm condições de isolamento em suas moradias. Além disso, as mães e os pais desses alunos tiveram que voltar ao trabalho, deixando-os mais expostos ao risco de contaminação. Outro complicador é que grande parte dos profissionais utiliza o transporte coletivo para se deslocar de casa até as unidades de ensino.

Vacinação

De acordo com a deputada, dessa vez, a greve dos professores é “pela vida“. Eles reivindicam a inclusão dos profissionais da educação nos grupos prioritários da vacinação contra o novo coronavírus. Enquanto isso, defendem que as atividades pedagógicas sejam mantidas remotamente. Mas, para isso, cabe ao Poder Público disponibilizar tablets e computadores com acesso à internet para os alunos da rede.

Maus exemplos

A dirigente também destacou surtos de contágio pelo novo coronavírus em escolas da rede particular, que retomaram as atividades presenciais há cerca de duas semanas. Ela citou o caso de uma escola de Campinas, no interior de São Paulo, que teve 39 funcionários e oito alunos contaminados pela doença dias após o retorno das atividades presenciais.

Ela também destacou que a crise sanitária em Manaus, com pacientes morrendo por falta de oxigênio e tendo que ser transferidos para outros estados, foi antecedida pela volta às aulas na rede particular. Internacionalmente, também não faltam exemplos de países que registraram aumento no número de casos dias após a retomada das aulas presenciais.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima