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Covas ignorou propostas das famílias e professores ao protocolo de volta às aulas

Conselhos de Escola consideram que protocolo de volta às aulas da prefeitura de São Paulo não garante proteção e que decisão sobre retomada não pode ficar a cargo das famílias

Marcelo Camargo/EBC
Marcelo Camargo/EBC
Protocolo de volta às aulas do governo Covas ignorou propostas das famílias dos estudantes e dos trabalhadores da educação

São Paulo – O Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola (Crece Central) da cidade de São Paulo, que reúne familiares de estudantes e professores da rede pública, denunciam que o governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) não incorporou as demandas apresentadas pelos pais de alunos e profissionais da educação no protocolo de volta às aulas. Também rejeitou a proposta de consulta pública às famílias quanto ao retorno das aulas ainda em 2020. “Entendemos que este protocolo não garante segurança sanitária neste momento em que os números da covid-19 ainda são alarmantes”, afirmam os representantes.

Os conselhos de escola também consideram insuficiente que a Secretaria Municipal da Educação tenha feito todos os servidores da área passar por um curso de preparação chamado “Autocuidado: um novo olhar em tempos de pandemia”. E afirmam que o governo Covas não pode repassar aos conselhos de escola a decisão sobre a volta às aulas, tanto em caráter não obrigatório, que se inicia esta semana, quanto do ensino regular, que tem previsão de ser retomado em novembro.

“O Crece Central mantém seu posicionamento contrário ao retorno às atividades presenciais em meio à pandemia, sem controle e sem a devida vacina, sejam elas atividades extracurriculares, em dois dias da semana, ou atividades regulares, com percentual reduzido de alunos. Nada justifica a exposição dos bebês e crianças, dos estudantes e dos familiares e profissionais da educação ao novo coronavírus, que ainda faz centenas de vítimas em nosso país. Aprendizagens se recuperam, vidas não”, afirmam os representantes.

Os conselhos de escola também destacam que, embora tenham menos chance de desenvolver complicações, os estudantes também podem morrer em consequência da covid-19. Desde o início da pandemia, ao menos 106 crianças e adolescentes de zero a 19 anos morreram. Além disso, o percentual de crianças que já foram contaminadas pela covid-19 é baixo, cerca de 18%. O que revela um grande potencial de contaminação que pode levar a surtos nas escolas – e possíveis desdobramentos nas famílias –, mesmo com total respeito ao protocolo de volta às aulas.

Outro problema é que o percentual de crianças assintomáticas é bem mais elevado que o de adultos. Aproximadamente 65% dos pequenos, contra 40% entre as pessoas mais maduras. Isso é um complicador para controlar uma eventual infecção, mesmo com o protocolo de volta às aulas, já que mesmo estando assintomático é possível transmitir a doença, mas não haveria indícios da contaminação para isolar o caso.

O governo Covas empurrou para 3 de novembro a decisão sobre a volta às aulas regulares ainda em 2020. No entanto, autorizou a retomada de atividades extracurriculares, tanto na rede pública, quanto privada. Assim, atividades físicas, ações psicossociais e aulas de arte e cultura, por exemplo, podem ser retomadas, com máximo de 20% dos alunos por horário. No entanto, até o momento não há informações sobre escolas na rede municipal que tenham aderido à proposta.


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