Pandemia

Volta às aulas em São Paulo fica mais difícil. Maioria das crianças é assintomática para covid-19

Pesquisa detectou maior prevalência do vírus em crianças do que adultos, com mais casos assintomáticos. Volta às aulas em São Paulo em setembro é descartada

Wokandapix/Pixabay
Wokandapix/Pixabay
O momento é de aumento de casos de covid-19. A pandemia não passou. Embora o presidente, Jair Bolsonaro, tente diminuir a maior tragédia sanitária em mais de 100 anos no mundo, a realidade é contrastante

São Paulo – A volta às aulas em São Paulo ficou mais difícil com a constatação de que 64,4% das crianças que tiveram covid-19 na capital paulista foram assintomáticas. Além disso, a prevalência do vírus foi maior nelas do que nos adultos. Os dados são resultado do Inquérito Sorológico realizado pelo governo do prefeito Bruno Covas (PSDB), divulgado hoje (18). “O retorno às aulas seria muito temerário em um momento como esse”, disse Covas, que descartou qualquer retomada de atividades escolares na cidade em setembro, como quer o governador paulista João Doria (PSDB).

Segundo Covas, os dados mostram que a estratégia de medir a temperatura de crianças e monitorar os sintomas na entrada das escolas, durante a volta às aulas em São Paulo, seria insuficiente para controlar um eventual foco da covid-19. “As escolas seriam grandes vetores de contaminação e transmissão da covid-19. Retomar as aulas significa ampliar o número de casos, mortes e internações”, ressaltou. As aulas foram suspensas em 24 de março e são consideradas uma das medidas mais importantes para conter a disseminação da covid-19.

Outro dado preocupante é que pelo menos 25% das crianças da rede municipal de educação moram com alguma pessoa idosa. O que aumentaria o potencial de letalidade pela covid-19 com a volta às aulas em São Paulo. Segundo o prefeito, no entanto, não cabe ainda considerar a retomada das atividades presenciais apenas em 2021.

“Ainda temos o horizonte de outubro. Teremos inquéritos com as crianças das escolas estaduais e particulares, também com as famílias, para entender se toda a família foi imunizada ou se há distorção entre crianças e adultos”, explicou Covas.

Os dados do inquérito sorológico mostram que 16,1% das crianças entre 4 e 14 anos que estudam na rede municipal de educação foram contaminadas pela covid-19: 11%. O número é superior ao da prevalência de contaminação entre os adultos. Entre os adultos o percentual de casos assintomáticos é de 40%, enquanto nas crianças é de quase 65%.

Também nas crianças é perceptível a desigualdade na prevalência de contaminação pela covid-19. Crianças negras tiveram 30% mais confirmações de casos do que crianças brancas. A prevalência ficou em 17,8% entres as negras e 13,7% entre as brancas. O mesmo ocorreu em relação à renda familiar, com maior prevalência nas classes D e E, do que nas demais.

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