Mistério

Tese do novo ministro da Educação não aparece no banco de dados da USP

Professores relatam inacessibilidade à tese de doutorado de Milton Ribeiro. A RBA apurou o problema também no banco da Capes e no serviço do Google Scholar

Reprodução/redes sociais
Reprodução/redes sociais

São Paulo – Problemas com currículos e teses parecem marcar o histórico dos ministros da Educação escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Depois dos questionamentos em torno do mestrado e doutorado do antecessor, Carlos Decotelli, que nem sequer tomou posse, surgem dúvidas em torno da formação acadêmica do novo ministro, o pastor presbiteriano e militar da reserva Milton Ribeiro. De acordo com o seu currículo Lattes, sua tese de doutorado – Calvinismo no Brasil e organização: o poder estruturador da educação – foi defendida na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). No entanto, o trabalho não está relacionado no banco de teses da instituição.

Leia também: Vídeos do ministro: criança deve ser educada na dor; e ‘paixão louca’ justifica feminicídio

Por meio de sua conta no Twitter, o professor e pesquisador André Azevedo da Fonseca, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), questionou a ausência.

Outro que quis saber mais sobre as ideias do ministro, conhecer seu trabalho e ler a tese foi Professor Leonardo, educador que mantém um canal no Youtube com 36,3 mil inscritos. Mas também não obteve êxito.

A RBA também não conseguiu acesso à tese. Ao digitar o nome de Milton Ribeiro entre os autores na página de buscas, obteve como resposta apenas um nome, que não é o do ministro.

Reprodução

A reportagem tentou, também sem sucesso, um link para a obra por meio do catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação. O órgão é presidido por outro pastor presbiteriano, Benedito Guimarães Aguiar Neto. Assim como Ribeiro, Aguiar Neto também já foi reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. Segundo a informação, o trabalho é anterior à implementação da plataforma que hospeda o banco o dados.

Outra iniciativa foi acessar o Google Scholar, página do buscador especializada em trabalhos acadêmicos. Há apenas uma menção, porém sem link para a tese. A pesquisa de doutoramento em Educação do novo ministro do governo Bolsonaro segue desconhecida.

Reprodução

Edição: Fábio M. Michel