Governo Doria indica volta às aulas em São Paulo para 8 de setembro
Data depende de uma significativa melhora no quadro da pandemia de coronavírus, situação em que hoje nenhuma região do estado de São Paulo se encontra
Publicado 24/06/2020 - 14h00
São Paulo – O governador paulista, João Doria (PSDB), e o secretário da Educação, Rossieli Soares, anunciaram hoje (24) a primeira data indicativa para a volta às aulas em todo o estado de São Paulo, nas redes públicas e privadas, da creche à universidade, passando por cursos livres: 8 de setembro. Essa previsão, no entanto, depende de uma melhora significativa no quadro atual da pandemia de coronavírus.
As aulas só serão retomadas se todo o estado avançar e permanecer na fase 3-amarela do Plano São Paulo por 28 dias seguidos. Atualmente, nenhuma região do estado está nessa fase da flexibilização da quarentena.
A volta às aulas em São Paulo será feita de uma vez. Por isso, foi definido que só vai ocorrer quando todo o estado estiver na fase 3-amarela do Plano São Paulo, em que a ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) deve estar entre 60% e 70%, o aumento de casos deve ter índice entre 1 e 2 – dado que indica o aumento dos casos em relação à semana anterior, sendo 1 o indicador de estabilidade –, e índice de novas mortes e novas internações entre 0,5 e 1. Nessa fase, a maior parte do comércio e dos serviços está aberta, com restrição de acesso de 40% da capacidade. Hoje o estado tem cinco regiões na fase 1-vermelha e todo o restante na fase 2-laranja.
Distância de 1,5 metro
Segundo Soares, a volta as aulas será feita em três fases. Na primeira etapa, até 35% dos estudantes poderão voltar às escolas, com preservação de um 1,5 metro de distância entre eles, tanto na sala de aula e no transporte escolar como no refeitório e atividades coletivas. Na segunda etapa, concomitante ao avanço das regiões para a fase 4-verde, do Plano São Paulo, por 14 dias, voltam até 70% dos estudantes, com os mesmos protocolos. Se o controle da pandemia se mantiver na fase 4-verde por mais 14 dias, poderão voltar 100% dos estudantes.
As medidas de distanciamento serão adaptadas para os estudantes da educação infantil, até 5 anos. “Entendemos que as crianças na educação infantil têm pouca autonomia e por isso as escolas vão ter tempo para analisar a situação das famílias, quem vai ter mais necessidade, e os protocolos que serão necessários em cada unidade escolar. Crianças que estiverem em grupo de risco, por questões de saúde, permanecerão em casa, mantendo o sistema de ensino a distância”, explicou o secretário-executivo da Secretaria da Educação, Haroldo Rocha. Os protocolos para as unidades serão discutidos a partir da próxima semana.
Se houver retrocesso em uma região, com aumento de casos, mortes ou internações causadas pela covid-19, apenas a região afetada terá as escolas fechadas. Mesmo com a volta às aulas em São Paulo, será mantido o ensino a distância, como parte do processo das aulas, já que as turmas serão reduzidas e poderá haver revezamento de estudantes nas escolas. As atividades deverão ser, preferencialmente, em áreas ventiladas, e os intervalos terão revezamento de estudantes. Os horários de entrada e saída serão adaptados para não haver aglomeração.
EPIs e máscaras
Soares disse ainda que serão distribuídos equipamentos de proteção individual (EPIs) para estudantes, professores e demais funcionários das escolas. Durante todo o período de aulas e no transporte escolar será obrigatório o uso de máscara. Todos os estudantes deverão usar canecas próprias para beber água, pois uso direto dos bebedouros será proibido. Os ambientes coletivos deverão ser limpos a cada três horas.
No entanto, grande parte das medidas de distanciamento e higiene não é obrigatória, o que torna frágil o plano de voltas às aulas em São Paulo. Por exemplo, a garantia de distanciamento de 1,5 metro entre os alunos, em refeitórios e atividades físicas, é apenas “recomendável”. Assim como o incentivo à higienização de mãos após tossir, espirrar, usar o banheiro, ou tocar em dinheiro. Também é apenas “recomendável” exigir o uso ou oferecer EPIs aos funcionários. Confira o protocolo completo.
O secretário afirmou que as famílias serão orientadas a medir a temperatura das crianças antes de ir para a escola. Se for detectada febre a criança deverá ficar em casa. Será separada uma sala em cada unidade escolar para isolamento de alunos que apresentarem sintomas, até que estes possam voltar às suas casas.
O coordenador do Comitê de Contingência do Coronavírus, Carlos Carvalho, disse que a condição de a volta às aulas em São Paulo se dar somente com a manutenção de 28 dias na fase 3-amarela da segurança para retomar as atividades. “Vinte e oito dias no amarelo vai indicar uma estabilização consolidada da pandemia no estado. Nesse momento da volta as aulas, provavelmente, muitas regiões já estão nas fases verde ou azul”, afirmou.
A educação em São Paulo envolve 13,3 milhões de pessoas, entre estudantes, professores e outros trabalhadores, correspondente a 32% da população do estado. Destes, 2,3 milhões estão na educação infantil, 7,6 milhões nos ensinos fundamental e médio, 2 milhões no ensino superior, 1 milhão na educação complementar e 428 mil no ensino profissional.