bacharel em economia

Bolsonaro anuncia especialista em finanças para Ministério da Educação

Decotelli é ligado ao ministro da Economia, Paulo Guedees, e ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. É também mais um militar a ocupar cargo no primeiro escalão

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"Não tenho nenhuma competência ideológica. A minha formação é na área de gestão e finanças"

São Paulo – O novo ministro da educação foi anunciado hoje (25) pelo presidente Jair Bolsonaro, por meio de postagem no Twitter. É o professor Carlos Alberto Decotelli da Silva. Ele assume a vaga deixada por Abraham Weintraub, que ficou no cargo por 14 meses e viajou às pressas para os Estados Unidos.

Decotelli é o terceiro ministro da Educação de Bolsonaro. Antes de Weintraub, o chefe da pasta era Ricardo Vélez Rodríguez.

Segundo o post de Bolsonaro, o homem que vai comandar a educação é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e mestre pela Fundação Getulio Vargas.

Economista e especialista em finanças, ele presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) de fevereiro a agosto de 2019, mas não tem formação na área. O novo titular da pasta é ligado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem já trabalhou. Ele também já atuou com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. É também mais um militar – oficial da reserva da Marinha – a ocupar cargo no primeiro escalão.

“Não houve nenhuma demanda, nenhuma fala sobre questão ideológica, até porque eu não tenho nenhuma competência ideológica. A minha formação é na área de gestão e finanças”, afirmou o novo ministro, ao comentar sua nomeação à CNN Brasil.

Dez militares

Oficial da reserva da Marinha, Decotelli é o décimo ministro militar de Bolsonaro, incluindo o interino da Saúde, Eduardo Pazuello. Os outros são Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Segurança Institucional), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Wagner Rosário (CGU), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Em postagem no Twitter , o professor e jornalista Laurindo Lalo Leal Filho afirma que, como presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de fevereiro a agosto de 2019, o novo ministro da Educação autorizou uma licitação de R$ 3 bilhões para a compra de equipamentos eletrônicos para escolas em todo o país.

“Ao analisar a compra, a Controladoria Geral da União (CGU) descobriu, entre outras irregularidades, que uma escola de Minas Gerais receberia 118 notebooks por aluno”, escreve Lalo.

De acordo com a revista Época, o caso que mais chamou atenção se refere à Escola Municipal Laura Queiroz, de Itabirito (MG), “que registrou demanda de 30.030 laptops educacionais, embora a escola só tenha registrado na planilha o número de 255 alunos (117,76 laptops por aluno)”.  

Os números são de documentos da Controladoria Geral da União (CGU) de 26 de agosto. O então presidente do FNDE foi exonerado do cargo três dias depois, no dia 29, e a licitação foi suspensa na semana seguinte.

Identidade racial

O jurista, filósofo, escritor e professor Silvio Almeida contesta a postura de quem “comemora” que “finalmente temos um negro no Ministério da Educação!”. O correto, para ele, seria que houvesse uma nomeação técnica ao comando da pasta. “Isso demonstra como a manipulação da identidade racial é feita”, escreve, nas redes sociais.

Em sua opinião, o racismo “retira do horizonte” um debate que envolve as questões que realmente importam. A primeira, o questionamento sobre o que um técnico pode fazer, mesmo se for de alto nível, “diante de um governo disposto a destruir o país”

A segunda, é o questionamento sobre o que fará o ministro diante dos grandes problemas da educação em um governo influenciado pelo negacionismo. “Paremos, portanto, de olhar para o indivíduo. Olhemos para como o governo trata a educação em um país de profunda desigualdade. Olhemos para a aplicação dos recursos e seus impactos. Olhemos para as políticas públicas. É isso que importa”, defende Almeida.


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