Educação em SP

Frequência de alunos no ensino a distância de Doria não chega a 30%

Levantamento da Apeoesp indica que acesso às atividades do EaD fica em torno de 24% a 27%. Para a deputada Professora Bebel, governo quer “ano letivo burocrático em detrimento de ano letivo pedagógico”

Marcelo Camargo/EBC
Marcelo Camargo/EBC
"O governo (Doria) optou por um caminho de exclusão", contesta a presidenta da Apeoesp

São Paulo – A proposta do governador paulista, João Doria (PSDB), de dar continuidade ao ano letivo da educação com o ensino a distância (EaD) alcança menos de 30% dos alunos das escolas públicas. É o que mostra levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp). 

Desde o dia 21, a entidade monitora o acesso dos estudantes às atividades de EaD. De acordo com dados informados voluntariamente pelos professores das escolas estaduais – responsáveis por acompanhar a frequência em suas disciplinas –, a Apeoesp observou que entre 12% e 27% dos alunos têm participado das aulas. As informações também fazem parte de uma nova plataforma da entidade, que diariamente divulga dados sobre a frequência dos estudantes

A coleta do dia 21 mostra, por exemplo, que 29.315 estudantes estavam matriculados para o acesso às disciplinas do EaD, mas apenas 7.217 frequentaram – taxa de acesso de 24,48%. No dia seguinte, dos 17.242 inscritos, 4.710 alunos participaram, aumentando o índice para 27,85%. 

Já no sábado (23), quando o número de matriculados chegou a 3.139, com 799 acessando o EaD, a taxa de frequência foi de 25,45%. Nesta terça (26), a participação ficou ainda mais baixa, com índice de apenas 12,7% de acesso. Dos 19.221 estudantes, só 2.436 frequentaram. 

Burocracia x pedagogia

Em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual, a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel (PT), destaca que o número está “muito aquém” do universo de 3,5 milhões de estudantes da rede pública. “É uma desigualdade marcada pelo social, porque muitos alunos não têm condição de ter computadores, de terem acesso à banda larga de internet”, aponta. Para ela, o melhor neste momento de pandemia seria investir na formação continuada dos professores e funcionários da escola, e ampliar o acesso à educação dos alunos também usando os serviços de radiofusão.

“Estabelecer um ano letivo burocrático em detrimento de um ano letivo pedagógico, que garanta o acesso ao conhecimento, é promover uma exclusão educacional, e nós da Apeoesp somos radicalmente contra esse tipo de coisa. Os nossos alunos pobres, da periferia, das favelas, já pagam um preço muito caro pela desigualdade. Isso é coisa de secretário que nunca pisou o pé numa escola pública de pobre”, afirma.

Ouça a entrevista da Rádio Brasil Atual


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