Abandono

Estudantes residentes na USP estão confinados e em situação precária

Relatos dos alunos são de cozinhas totalmente desestruturadas, não há dispensadores de álcool nos blocos, nem acesso à internet

REPRODUÇÃO/TVT
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crusp conta com cozinhas coletivas, em geral uma por andar. Mas as unidades estão sem condições de uso. Não há gás para cozinhar e os fogões estão destruídos

São Paulo – Estudantes e entidades estudantis denunciam o abandono das condições de moradia para alunos de baixa renda residentes – e em razão da pandemia de coronavírus, agora confinados – no Centro Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp). Os jovens relatam que a reitoria tem ignorado a situação precária em que vivem.

Cacau Prado é uma entre os 1.500 alunos da universidade que moram no Crusp. Ela relata que isolamento está difícil, já que os jovens sofrem com a falta de itens básicos para higienização.

“Eles disponibilizaram um dispensador na entrada de cada bloco, mas o álcool gel acabou no sábado e ainda não foi reposto. Na semana do primeiro caso confirmado, nós do bloco F, ficamos seis dias sem água, então não tinha como lavar a mão, dar descarga e nem tomar banho”, contou ela ao repórter Leandro Chaves, da TVT.

A falta de manutenção também preocupa. Em vídeos enviados à reportagem é possível ver fogões deterioradas, pias sem torneiras e as fiações estão expostas. “Esses são os espaços que a gente não pode fazer manutenção e que eles dizem que a gente cuida mal. As coisas quando não tem manutenção vão gastando com o próprio uso, mas essa manutenção permanente deles”, acrescenta Cacau.

A falta de internet nas residências também dificulta que os alunos continuem assistindo as aulas online durante a quarentena. “Muitos cursos agora adotaram aulas à distância, o que depende um pouco da unidade, do curso e do professor, por isso reivindicamos salas e espaços para estudo e acessar a internet”, afirmou Julia Kopf, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP.

Moradores do conjunto protocolaram uma carta na reitoria cobrando medidas e fizeram um apelo ao corpo de docentes. Em nota, a Superintendência de Assistência Social (SAS) da USP reconheceu os problemas na limpeza e higienização e alegou atraso na entrega de álcool gel pelos fornecedores.

Em relação à internet, a SAS concordou que a rede de wi-fi dos apartamentos é precária por conta de a construção ser antiga e as paredes muito grossas e prometeu instalar uma antena interna em cada corredor para ampliar o sinal.

“A gente depende que essas aulas também sejam gravadas e disponibilizadas, para que os estudantes eles não tenham prejuízo. O principal ponto nesse momento de calamidade pública é para garantir que os alunos não sejam prejudicados“, disse Lorena Alves, da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT