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‘Quanto mais ameaças, mais temos que nos juntar’, afirma professora sobre riscos do bolsonarismo

Após viralizar nas redes sociais, a professora de Pedagogia Miriam Bianca, da UFG, conversa com a Rádio Brasil Atual e fala dos desafios da educação no Brasil

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"Se a produção é coletiva, pertence a todos e todos têm direito a ter acesso. Isso que nos move"

São Paulo – A professora de Pedagogia Miriam Bianca Amaral Ribeiro, da Universidade Federal de Goiás (UFG), viralizou nas redes sociais com um discurso realizado para uma turma de formandos. Como paraninfa, homenageou Paulo Freire, acompanhada dos novos pedagogos, além de ter listado adjetivos que qualificam o governo Bolsonaro (sem partido). “Machista, homofóbico, racista, misógino, que odeia pobre”.

Hoje (5), Miriam concedeu uma entrevista para a Rádio Brasil Atual. Em pauta, os desafios da educação em um país comandado por um governo que ataca educadores e a própria educação com sua ideologia e, também, incompetência. Em Goiás, a situação é agravada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), conservador e ruralista. “Quanto maior o risco, mais coletivos temos que ser. Quanto mais ameaças as pessoas sofrem, mais temos que nos juntar. A universidade é um espaço que organiza e socializa o conhecimento”, disse.

“Paulo Freire nos ajudou a pensar que se temos hoje uma lâmpada iluminando a sala em que estamos, isso é resultado do trabalho de milhares de pessoas há milhares de anos. Se a luz chegou até aqui, há anos alguém bateu uma pedra na outra para fazer fogo. Bill Gates não é dono do computador. Se a produção é coletiva, pertence a todos e todos têm direito a ter acesso. Isso que nos move. Não cabe arrogância movida por nada, o conhecimento é propriedade coletiva”, disse a professora.

Assista ao discurso da professora Miriam na UFG

Sobre o rumo dos formandos, futuros educadores, Miriam classifica como desafiador, devido ao projeto de um governo “que quer extinguir as licenciatura das universidades públicas, voltar à formação que conquistamos em 12 anos de luta em torno da Lei de Diretrizes de Base”.

Para a professora, o governo carrega um projeto que retrocede na educação brasileira. “É um verdadeiro desmonte. Mas não tem jeito a não ser resistir. O discurso da mídia burguesa é que os educadores sabem que professor ganha pouco e, se não quiser, que faça outra coisa. Não, queremos ser professores de qualidade para ajudar o mundo a ficar melhor (…) Tentamos colocar isso no cotidiano. Quando eles saem, eles carregam esse gás. O cotidiano vai saqueando o ânimo.”

Ouça a entrevista completa

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