Fake News

Ministro da Educação Abraham Weintraub mente sobre atos do governo

Em mensagem de Feliz 2020, Abraham Weintraub divulga lista com diversas inverdades. Entre elas, que Bolsonaro criou cinco novas universidades

Valter Campanato/ABR
Valter Campanato/ABR
Abraham Weintraub atribui ao governo Bolsonaro a criação de unidades feitas no governo de Dilma Rousseff

São Paulo – Célebre pela perseguição às universidades, onde segundo ele só há “balbúrdia” e “extensas plantações de maconha“, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, começou o ano espalhando mais fake news justamente sobre universidades. Desta vez, para fazer propaganda enganosa sobre o governo de Jair Bolsonaro.

Por meio de sua conta no Twitter, o ministro Weintraub divulgou uma apresentação na qual elenca o que chama de “35 vezes que o governo Bolsonaro fez mais pela Educação”. Além de se auto-promover – a terceira vez foi quando o presidente “nomeou como ministro um executivo com experiência na gestão de crises e entrega de resultados” – Weintraub não economiza inverdades em sua lista.

Entre outras coisas, fala do Future-se, “programa que incentiva o empreendedorismo e a captação de recursos para as universidades federais”. Apresentado em forma de anteprojeto, o Future-se foi rechaçado por reitores, professores, estudantes, técnicos e o conjunto dos servidores dessas instituições. E mesmo com a escolha de reitores mais alinhados ao governo, não houve apoio suficiente para a proposta que sequer foi enviada ao Congresso. Não passou de “balão de ensaio”.

Outra: Que “contingenciou recursos por necessidade e, logo após estabilização, liberou 100% dos recursos das universidades federais”. Com o bloqueio de 30% do orçamento para custeio, as universidades que já diminuíam contratos, despesas, suspendiam editais, foram às ruas com toda a comunidade acadêmica em movimento como poucos vistos. Foi o “tsunami da educação”, em maio. E mesmo assim, só em 18 de outubro o MEC anunciou o “descontingenciamento total” do orçamento das universidades. Os repasses, no entanto, chegaram a 97% de empenho e 86% de execução, segundo o portal da transparência.

Mas a mais absoluta das inverdades é dizer que Bolsonaro “criou cinco novas universidades”.

O que o ministro chama de “criar cinco novas universidades” é, na verdade, empossar reitores das universidades federais de Jataí (UFJ), do Agreste de Pernambuco (Ufape), do Delta do Parnaíba (UFDPar), de Rondonópolis (UFR) e de Catalão (UFCat).  Conforme reportagem da Agência Brasil de 12 de dezembro, “a criação se deu com a posse dos reitores das instituições“.

Na prática, as universidades foram criadas por leis sancionadas pelo então presidente Michel Temer, em 2018. A UFJ foi criada em 20 de março de 2018 por desmembramento da Universidade Federal de Goiás, pela Lei 13.635. A Ufape, assim como a UFDPar, pela Lei 13.651. A criação da UFR se deu pela Lei 13.637, e a UFCat, pela Lei 13.634.

Os projetos de lei de criação, porém, são de autoria da presidenta Dilma Rousseff (PT), assinados em 9 de maio de 2016, poucos dias antes de sofrer impeachment mesmo sem ter cometido crime de responsabilidade.

E nenhuma das universidades pode ser chamada de nova. A UFJ e a UFCat foram desmembradas da Universidade de Goiás (UFG). A Ufape foi desmembrada da Unidade Acadêmica de Garanhuns da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Da mesma maneira, a UFR resulta de um campus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).