Universidades e movimentos negros lançam Observatório do Racismo em São Paulo
Iniciativa, que tem como objetivo principal criar ações de combate à discriminação racial, reúne estudantes, professores e pesquisadores da PUC e da Universidade Federal do ABC
Publicado 07/11/2019 - 12h30
São Paulo – Professores, pesquisadores e estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Universidade Federal do ABC (UFABC) e movimentos negros lançaram, nesta quarta-feira (6), o Observatório do Racismo. A iniciativa tem como meta pesquisar com rigor científico as questões raciais e contribuir com estudos e ações que possam combater o racismo que não está apenas nos indivíduos, mas na organização da sociedade brasileira, como mostra a reportagem de Jô Miyagui para o Seu Jornal, da TVT.
“Nosso objetivo é justamente esse, trazer de fato uma proposta, indicativos, estudos, oferecer também cursos, materiais de apoio para as pessoas e universidades que precisarem de apoio pedagógico e científico”, destaca a integrante do Observatório do Racismo Almunita dos Santos. A estudante Carolina Dutra Pereira, que também faz parte do Observatório e integra o coletivo NegraSô, acrescenta que a iniciativa engloba diversas áreas e atuações nacionais e internacionais. “Para a gente saber aonde vamos, temos que saber de onde viemos. o Observatório é justamente isso”, descreve. “É para conseguir estabelecer políticas públicas que possam minimamente combater o racismo.”
Ainda hoje o preconceito racial no país se reflete em diferentes dados, como no estudo divulgado nesta quarta pelo IBGE, apontando que a população negra, maioria no país, recebe até 31% a menos que os brancos e, entre os mais pobres, 75% são negros. Combater essa discriminação passa, portanto, pelo reconhecimento dessa sociedade racista, mas também pelas mãos dos governantes, como alerta a jornalista, professora e escritora Bianca Santana.
“A gente precisa que pessoas negras ocupem posições de poder, que tenham a luta antirracista como motivador. E quando, obviamente, tivermos candidaturas brancas, porque isso precisa ser representativo da sociedade, essas pessoas também precisam compreender a questão racial como estruturantes das nossas maiores injustiças e desigualdades”, afirma a jornalista.