Frente parlamentar na Assembleia paulista quer frear CPI que ataca universidades públicas
Após governo de SP reduzir verbas na área de educação, deputados querem 'investigar' gastos da USP, Unicamp e Unesp
Publicado 09/05/2019 - 10h55
‘Querem deixar as universidades a pão e água, para poder fechar cursos e demitir professores’, disse Beth Sahão
São Paulo – Para barrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa a atacar as universidades públicas de São Paulo, foi criada, nesta quarta-feira (8), uma frente parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
A frente parlamentar foi convocada pela deputada Beth Sahão (PT) e é uma resposta ao projeto de autoria de Wellington Moura (PRB), parlamentar da base do governo de João Doria (PSDB). A proposta do governo é investigar as contas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Oposicionistas na Alesp afirmam que o texto para a criação da CPI é vago e tem a intenção de atacar a diversidade de ideias no ambiente acadêmico. “O ataque da extrema-direita às universidades não vem só pelo viés financeiro, eles tem projeto obscurantista, antidemocrático, que é tudo que a gente luta contra”, explicou Raquel Melo, diretora da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG).
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o deputado do PRB disse que a CPI analisará “gastos excessivos com funcionários e professores”. Ele ainda criticou o que considera “aparelhamento” da esquerda nas universidades públicas paulistas.
“Estão querendo deixar as universidades a pão e água, para poder fechar cursos, demitir professores e não abrir vagas para novos cursos. Tudo isso é sempre premeditado por eles. Nós teremos uma reação das universidades e a opinião pública”, disse a deputada Beth Sahão, em entrevista à repórter Dayane Ponte, da TVT.
A frente parlamentar quer mostrar que já existe transparência nos gastos dessas instituições e que qualquer mudança precisa ser discutida amplamente. E destaca a importância de investimentos na área da educação. “Não adianta ter uma visão utilitarista, como está sendo expressa, como se o ensino público só seria legítimo para áreas de utilidade imediata”, disse a professora de Sociologia da USP Sylvia Geminiani.
Joaquim Adelino de Azevedo, vice presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos de São Paulo (APQC), alerta que os cortes de verbas e a falta de contratação de novos pesquisadores podem afetar o desenvolvimento de tecnologia para o estado.
“Muitos trabalho estão deixando de ser executados e ainda temos um outro problema sério nos institutos, que é a não reposição do pessoal que está aposentando. Sem recursos para os institutos, não há novas contratações”,