Gestão Covas

Secretaria da Educação de Covas está perdida nos próprios números

Questionada sobre a redução de matrículas nas creches municipais, pasta enviou nota que desmente informações divulgadas por ela mesma

Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Queda no número de crianças matriculadas nas creches municipais é uma marco negativo na gestão Covas

São Paulo – Demonstrando descontrole nos dados da rede municipal de educação sobre os Centros de Educação Infantil (CEI) – as creches –, a Secretaria Municipal da Educação desmentiu os dados que ela mesma divulga no portal da demanda escolar. A RBA procurou a secretaria, questionando a queda de aproximadamente 4 mil matriculas entre dezembro de 2018março de 2019: de 333.922 para 330.026. Em nota, a pasta informou dados diferentes dos que ela divulgou antes. Segundo a nota, “estão matriculadas 334.085 crianças em 2019, enquanto que em 2018 esse número era de 334.560, portanto uma diferença de 475 matrículas”. A secretaria não explicou a diferença nos dados.

Os dados da demanda escolar estavam com a divulgação quase um mês atrasada. Por lei, a prefeitura deve divulgar os dados trimestralmente, sendo que a divulgação atual devia ter ocorrido em 31 de março. Porém, a própria secretaria tornou os números questionáveis ao divulgar outros em resposta à reportagem. Os dados indicam que a busca por uma vaga nas creches cresceu desde dezembro. No final de 2018, havia 19.697 crianças esperando uma vaga. Atualmente, a fila é de 34.317 crianças. É o menor número da série histórica. Em março de 2018 havia 57.819 crianças na fila de espera por vaga em creche em São Paulo.

A expansão das vagas em creche nos últimos dois anos tem se dado principalmente pela expansão dos convênios entre a prefeitura e unidades privadas. O orçamento desse ano foi definido com redução da verba destinada às unidades diretas (geridas pela prefeitura) e aumento para as conveniadas. O Centros de Educação Infantil (CEI) diretos vão ter R$ 198,8 milhões a menos esse ano, em comparação com 2018: redução de R$ 723 milhões para R$ 524,2 milhões. Já o orçamento das conveniadas foi ampliado de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,7 bilhões. Um aumento de 18,4%.

Na busca por zerar a fila da creche, além dessa expansão das creches conveniadas, a gestão Doria/Covas fechou salas de leitura, bibliotecas e outros espaços pedagógicos para instalar salas de aula. Também matriculou crianças em unidades que ainda estavam em construção. E manteve crianças em uma creche cujo terreno está contaminado por chumbo e mercúrio na região do Bom Retiro. O Ministério Público (MP) determinou a retirada das crianças em dezembro do ano passado, mas a ação só foi realizada em julho deste ano, após reiterados pedidos do MP.

A Secretaria Municipal de Educação informou que “todo início de ano é período de acomodação de atendimento, o que significa que há pedidos de transferência e mudanças em andamento”. “Nenhuma escola foi fechada, inclusive houve um aumento nas CEIs, saltando de 1602 último trimestre de 2018 para 1994 no primeiro trimestre de 2019. São 8,8 mil atendimentos a mais na pré-escola que a pasta, cumprindo com o Plano Nacional de Educação (PNE), absorveu. Em comparação com o mesmo período do ano passado houve uma redução de 23,5 mil crianças na fila de creche, de 57,8 mil em março de 2018 a 34,3 mil em março de 2019”, diz a nota da secretaria.

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