15 de maio

Confederação propõe greve dos trabalhadores em educação do Brasil

Com mais de 4 milhões de trabalhadores em sua base, CNTE quer paralisação contra a 'reforma' da Previdência e em defesa da educação pública

Sumaia Villela/Agência Brasil

Para o secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, é preciso mobilização para enfrentar os retrocessos de Bolsonaro

São Paulo – A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) está propondo paralisação geral da categoria para o próximo dia 15 de maio. A decisão foi tomada durante a Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que este ano ocorre entre os dias 22 e 29. A CNTE reúne em sua base mais de 4 milhões de trabalhadores, entre professores e técnicos educacionais em todo o país.

“Nós, enquanto conselho da CNTE, decidimos uma paralisação geral da educação para o dia 15 de maio, com uma espécie de convite não só para a educação, como também para as centrais sindicais e movimentos sociais, para que a gente possa construir uma greve geral no país. Principalmente contra essa ‘reforma’ da Previdência que visa tirar direitos dos trabalhadores e acabar com a aposentadoria”, explica Gilmar Soares Ferreira, secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, em entrevista ao jornalista Walter Venturini, da Rádio Brasil Atual.

Realizada há 20 anos, em 2019 a Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública se mobiliza contra os ataques que o setor tem sofrido nos últimos tempos. Segundo Gilmar Ferreira, o objetivo é estimular a reflexão sobre o direito à educação como forma de garantir melhores condições de vida para as famílias com filhos na escola pública. A mobilização deste ano aborda os temas da mercantilização da escola, a militarização, a valorização profissional, e a oferta de educação gratuita no ensino infantil, fundamental e médio.

Para dirigente da CNTE, o momento é de mobilização da categoria para enfrentar os retrocessos propostos pelo governo de Jair Bolsonaro. “É um início de governo desastroso. Em que pese que já tínhamos essa leitura (…) Temos um setor conservador dentro da própria educação que vai de encontro ao discurso de escola sem partido, lei da mordaça e tudo mais. Já sabíamos que esse governo tinha um projeto que vai favorecer o fundamentalismo religioso nas escolas e a mercantilização”, afirma.

Privatização do ensino

Gilmar Ferreira acusa o governo de querer acabar com os projetos que vinham sendo implementados na área de ensino, e cita como exemplo o Plano Nacional de Educação (PNE), que foi amplamente debatido pela sociedade. “E o que eles vão fazer? Vão entregar para o mercado rentista, que quer colocar a educação na bolsa de valores, que quer vender produtos, vender software, vender apostila.”

Ele enfatiza que está em curso a abertura da escola para a iniciativa privada, e que a parcela da população brasileira que consegue uma escola pública – ainda que nem sempre com a qualidade desejada – agora terá ainda mais dificuldade. O secretário da CNTE também crítica as propostas de Bolsonaro de ampliar o número de escolas militares e regularizar o ensino domiciliar.

“A militarização das escolas é uma forma do governo impedir a formação política dos jovens, porque é isso que eles não querem”, afirma, e lembra declaração recente de Bolsonaro dizendo que jovens não devem se interessar por política. “Engraçado é que a família toda dele sobrevive da política, né?”

Sobre o ensino domiciliar, avalia que a intenção de fundo tem relação com a ideia da política de voucher na educação, na qual o governo repassa recurso financeiro para a família escolher a escola privada do filho. “Isso é a privatização do ensino, é quebrar a espinha dorsal da educação pública brasileira.”

Ouça a entrevista 

Você pode conferir a partir de 44:12

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