Censura

Escola Sem Partido é o Brasil prestes a vigiar professores, diz jornal francês

Correspondente do jornal 'La Croix' retrata clima de perseguição em escolas brasileiras ante da ação agressiva de pais e alunos, respaldadas por figuras do governo Bolsonaro

Reprodução/La Croix

Escola Sem Partido instalou clima “nauseabundo” nas salas de aula no Brasil, segundo publicação católica

São Paulo – O movimento Escola Sem Partido, que pretende censurar professores acusando-os de tentar doutrinar seus alunos ideologicamente,  estarrece até a imprensa conservadora francesa. Reportagem desta quarta-feira (28) do jornal católico La Croix retrata a ofensiva, apoiada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) e pelo seu futuro ministro da Educação, que passou a tratar os professores como inimigos que precisam ser vigiados. 

“Vários episódios de censura e até mesmo de agressão por parte de alunos ou pais contra professores têm sido registrados no Brasil”, aponta o portal da RFI Brasil, sobre a matéria produzida pelo jornal francês, que também cita o caso da deputada estadual eleita em Santa Catarina pelo mesmo partido de Bolsonaro que chegou a criar um canal para que pais e alunos pudessem denunciar professores. 

A reportagem ouviu um professor de história do Rio de Janeiro que em seu depoimento conta como a paranoia estimulada retira da escola a autonomia para resolver pelo diálogo esse tipo de conflito e fere a liberdade de expressão dos educadores. Em meio à onda repressiva na educação, muitos professores têm sido humilhados em redes sociais e até mesmo demitidos, aponta a correspondente do jornal francês no Brasil Aglaé de Chalus. 

“Esse movimento se posiciona contra ‘os abusos da liberdade de ensino’ e propõe censurar matérias que tratem de gênero ou orientação sexual. Prevê também proibir os professores de falar sobre política ou religião em sala de aula”, explica o jornal francês, sobre o projeto que tramita atualmente em comissão especial na Câmara dos Deputados. 

O La Croix aponta a tensão dos professores, que buscam resistir à ofensiva persecutória – inclusive um manual foi criado para orientar o docente sobre como agir em situações como estas –, enquanto aguardam posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema, declarando a proposta inconstitucional caso passe no Congresso.

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