Contra denuncismo

Professores da UFABC se unem em defesa da liberdade acadêmica e da democracia

Ato público foi realizado no campus de São Bernardo do Campo em solidariedade aos docentes investigados após participar do lançamento do livro sobre o ex-presidente Lula

Universidade Federal do ABC/Reprodução

Professores pedem que universidade formalize a revogação da comissão de sindicância que investigaria o caso

São Paulo – Professores da Universidade Federal do ABC (UFABC) se reuniram, nesta quinta-feira (2), no campus de São Bernardo do Campo, para a realização de um ato público contra o denuncismo e em defesa da liberdade acadêmica e da democracia. A ação, convocada pela Associação de Docentes da UFABC, pediu explicações formais da instituição sobre as notificações recebidas pelos professores Gilberto Maringoni, Giorgio Romano e Valter Pomar, denunciados anonimamente após participar do lançamento do livro A Verdade Vencerá, sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em solidariedade aos docentes, professores e colegas de diversas instituições de ensino compareceram ao ato. O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo (Adunifesp), Daniel Augusto Feldmann, declarou haver uma relação entre o autoritarismo da UFABC com a crise financeira e o contínuo ajuste fiscal promovido pelo governo.

“Esse obscurantismo, esse autoritarismo que a gente vive na sociedade, não é descolado da concepção neoliberal, de ajuste fiscal e privatista que a gente vive na universidade”, afirma Feldmann, citando como exemplo o contingenciamento previsto no orçamento de 2019, que pode significar o comprometimento do desenvolvimento de pesquisas científicas do programa de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O docente e um dos notificados Gilberto Maringoni entende a ação como uma forma de limitar o conhecimento no Brasil. “O que está havendo é um ataque nas universidades ao pensamento crítico e, mais ainda, aos serviços públicos em geral. O golpe precisa esmagar a produção de conhecimento para fazer com que nós nos tornemos um país sem tecnologia e sem indústria”, ressalta Maringoni à repórter Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual.

Recentemente, a comissão encarregada de investigar o caso envolvendo os docentes do curso de Relações Internacionais foi revogada pela universidade, mas até o momento, segundo os professores, a sindicância não foi arquivada. A expectativa é que a UFABC formalize em breve a decisão.

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