Governo de São Paulo

Para especialistas, medidas educacionais de Márcio França não contemplam o básico

Projeto Juntos pela Escola é criticado por ser muito amplo e insuficiente para responder a demandas da rede estadual de ensino

Governo de SP/Reprodução

“É um pouco perverso que justamente nesse período pré-eleitoral venha esse tipo de política”, critica professor

São Paulo – O governo do estado de São Paulo anunciou na última terça-feira (3) o projeto Juntos pela Escola, um pacote de ações com investimento total estimado em R$ 430 milhões. Apesar das expectativas quanto ao repasse de recursos para o atendimento imediato das demandas do ensino público estadual, a proposta não ficou isenta de críticas. Para especialistas ouvidos pela repórter Nahama Nunes, na Rádio Brasil Atual, medidas divulgadas são insuficientes para responder aos problemas básicos da educação e cumprem apenas papel “eleitoreiro” e de “contenção social dos jovens”.

A elaboração do projeto contou com a participação de estudantes, professores e educadores das 91 Diretorias de Ensino de São Paulo, segundo o governador Márcio França (PSB) e o secretário da Educação, João Cury. A proposta prevê melhorias na formação de professores, abertura de novos concursos, reforma de prédios, aquisição de equipamentos, além do fortalecimento dos grêmio estudantis.

O professor da Universidade Federal do ABC Fernando Cássio, integrante do Comitê São Paulo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, avalia que a destinação de recursos será benéfica para a rede de ensino, mas critica o momento em que as medidas foram anunciadas. “É um pouco perverso que justamente nesse período pré-eleitoral venha esse tipo de política. As escolas vivendo e fazendo manutenção com recursos mínimos, daí em um período pré-eleitoral, com uma rede nessas condições, você traz um pacote liberando recursos em várias áreas”, afirma.

Todos os investimentos anunciados serão implantados a partir do 2° semestre deste ano, de acordo com o governo, e devem atingir cerca de 3,5 milhões de crianças e jovens matriculados na rede. Ainda assim, para o presidente interino do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), Fábio Santos Moraes, o projeto não resolverá problemas básicos da rede pública de ensino.

“O governo deveria ter dado continuidade ao Plano Estadual de Educação, que foi construído por 77 entidades e é lei aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionado pelo governador. Lá existem diretrizes muito mais profundas do que as que foram anunciadas”, explica Moraes.

O professor destaca também a tentativa do governo de se aproximar dos jovens. “Tem uma aparência de política popular com cunho social, mas algumas delas são políticas, na verdade, de reação do governo contra os próprios movimentos dos grêmios estudantis, de contenção social.”

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