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Oficina orienta sobre como agir contra censura em salas de aula

Ação tem como objetivo ajudar professores a evitar invasões e ataques por parte de apoiadores do Escola Sem Partido, a pedagogia da mordaça

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Oficina também explicará quais os tipos de defesa jurídica e administrativa o professor pode tomar em caso de ataques

São Paulo – Especialistas promoverão na próxima quinta-feira (26) uma oficina para a comunidade escolar sobre como reagir às praticas de censura dentro da sala de aula. O evento faz parte da Semana de Formação em Direitos Humanos e Educação Popular, realizada no centro de São Paulo.

Em tempos de ascensão do conservadorismo e do projeto Escola Sem Partido – traduzido como lei da mordaça –, a oficina “Tempos de perseguição: manual de defesa para docentes” busca orientar professores vítimas de difamação e ataques nas redes sociais. “A gente quer apresentar caminhos para que as pessoas não fiquem acuadas. Vamos conversar sobre essas medidas que o professor deve seguir, no meio pedagógico ou jurídico, para se proteger”, explica Daniele Brait, assessora editorial na Ação Educativa.

A ação também tem como objetivo incentivar os professores a não se sentirem acuados nas salas de aula. Com o fácil acesso de alunos aos celulares, os docentes se “auto censuram”, conta o sociólogo e integrante do Coletivo QuatroV, Vinícius Chamlet.

O principal problema é que o medo da difamação se alastra pelo corpo docente, que deixam de abordar temas importantes, como o gênero, em um país com alto índice de violência contra a mulher. Nossa proposta é resolver o problema a partir do diálogo entre as partes. Queremos que os professores construam uma relação de confiança com alunos”, afirma ele. 

A oficina explicará quais formas de defesa jurídica e administrativa o professor pode adotar, como denunciar as tentativas de censura e difamação e o que fazer caso sua escola seja invadida – lembrando o caso do vereador Fernando Holiday que fez blitze em escolas para censurar aulas.

O diretor de escola Regis Marques Ribeiro, membro do Movimento Humanista Internacional, ressalta que as perseguições são disfarçadas através do argumento da “doutrinação”. “O que estas pessoas não entendem é que a escola tem uma função social e que o aluno não é uma página em branco. Isso deixa claro suas características persecutórias, impedindo a liberdade que o professor e qualquer cidadão tem de se expressar”, critica.

O evento precede o lançamento do Manual de Defesa para Docentes, que será lançado em setembro. A publicação, que sairá em forma de livro didático, terá entrevistas com alguns professores que sofreram ataque, além de advogados especialistas no assunto.

A ação deste ano é uma extensão do livro publicado em 2017, como um passo-a-passo para professores se defenderem de ataques. Para o lançamento do manual, acompanhado de um míni-documentário, as entidades contam com um financiamento coletivo, já apoiado por mais de 130 pessoas. 

A oficina será realizada das 10h às 13h, na rua General Jardim, 660, na Vila Buarque. O local fica próximo às estações do Metrô Santa Cecília, República e Higienópolis/Mackenzie. As inscrições podem ser feitas aqui.