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Decisão do STF sobre ensino religioso nas escolas é equívoco, diz professor da PUC

Jorge Cláudio Ribeiro, professor de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, diz que em vez do ensino religioso confessional, escolas deveriam estimular a diversidade e a tolerância

Reprodução/Twitter

Contra a intolerância: “É preciso que a comunidade escolar seja capaz de criar um ambiente de convivência”

São Paulo – Para o professor titular do departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, Jorge Cláudio Ribeiro, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que liberou o ensino religioso confessional nas escolas públicas é um equívoco e uma contradição. “O modelo que admite aulas sobre uma religião específica é um equívoco porque a sociedade é plural no que se refere às religiões, não é uma paróquia, a docência não é um púlpito”, afirmou. 

Em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta sexta-feira (29), o professor afirma que “os supremos juízes erraram, porque parece haver uma contradição entre uma disciplina que é optativa e que ao mesmo tempo é confessional, ou seja, é optativa para os alunos e obrigatória para uma religião só”. 

Ribeiro diz que essa decisão também representa a perda de uma oportunidade importante de estimular a diversidade e a tolerância religiosa nas escolas, e que é preciso questionar e adaptar essa nova realidade, de modo a afastar o risco de sectarismo e, até mesmo, que uma “guerra religiosa” seja transportada para os bancos escolares. 

“Seria lamentável que a guerra religiosa que existe em alguns nichos bastante difundidos da sociedade fosse transportada para as escolas. O sectarismo é indesejável em qualquer âmbito da vida humana. É preciso que a comunidade escolar seja capaz de criar um ambiente de convivência”, frisa o professor.

Ele também ressaltou o risco de que religiões de matrizes africanas, como a umbanda e o candomblé, sejam silenciadas. “Todos nós de alguma forma somos africanos, umbandistas, candomblecistas, a umbanda é uma invenção brasileira. Essa mistura brasileira deveria ser mais incentivada, o Brasil possui uma riqueza religiosa construída há séculos.” 

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