Após 29 dias

Professores do DF retomam aulas, mas seguem mobilizados contra reformas

Docentes confirmaram participação intensa no dia nacional de mobilização marcado para 28 deste mês. “O principal motivador da nossa greve foram as reformas do governo golpista do Temer”, diz sindicato

Sinpro-DF

Inspirados na Páscoa cristã, professores encenaram via-crúcis com a crucificação dos trabalhadores

São Paulo – Professores e orientadores educacionais do Distrito Federal voltaram hoje (17) para as escolas, após 29 dias de greve. Os docentes confirmaram participação no dia nacional de mobilização marcado para 28 de abril e afirmam que continuaram mobilizados contra a as reformas da Previdência e trabalhista a lei da terceirização e demais projetos do governo Temer que ataquem direitos sociais.

O retorno às aulas após a greve, deliberado em assembleia geral realizada na última quarta-feira (12), foi entendido pelos professores como uma alternativa para fortalecer a mobilização da categoria. “Não temos dúvidas de que nossa luta é diária, porém, não é somente contra a reforma que irá promover o maior retrocesso da história previdenciária do país e da classe trabalhadora, e sim contra um projeto de governo que visa a retirar direitos trabalhistas e sociais para atender a interesses isolados de megaempresários nacionais e internacionais”, analisa a diretora do Sindicato dos professores do Distrito Federal (Sinpo-DF) Rosilene Corrêa.

Na última terça-feira (11), durante ato na capital federal que reuniu 4 mil professores, segundo os organizadores, 20 docentes se acorrentaram às esculturas em frente à Catedral Metropolitana e anunciaram greve de fome. Ainda na última semana, o sindicato se reuniu com representantes do governo Rodrigo Rollemberg (PSB), mas o encontro terminou sem acordo. A comissão de negociação dos professores ouviu do Executivo a mesma proposta já rejeitada em duas assembleias anteriores.

Ainda na última terça, a 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios – que já havia determinado a volta dos professores às salas no último dia 27 – aumentou o valor da multa pela greve e passou a cobrar R$ 400 mil por dia de descumprimento. Antes, o valor estipulado era de R$ 100 mil. O departamento jurídico do Sinpro-DF chegou a recorrer da decisão.

O comando geral de greve avalia que os professores demonstraram disposição para a luta, com a aprovação de calendário de mobilizações que fortalece a mobilização para a greve geral do dia 28. Segundo Rosilene, a categoria “tem, agora, o desafio de continuar uma luta contra um projeto de governo que, no âmbito nacional, utiliza o golpe de Estado como instrumento para instalar uma política econômica entreguista e subserviente aos interesses privatista e mercantilistas de grandes corporações estrangeiras e brasileiras”.

“É preciso ter a clareza de que o principal motivador da nossa greve foram as reformas do governo golpista do Temer, especialmente a reforma da Previdência, que extinguiria a aposentadoria especial do magistério, uma reforma que já mostrou sinais de recuo graças à nossa mobilização local e nacional”, disse o diretor do sindicato Júlio Barros. Ainda assim, como pauta local, os professores reivindicam reajuste salarial de 18%, aumento do vale-alimentação e pagamento de licenças-prêmio em atraso, além da última parcela do aumento, concedido em 2013, pela gestão anterior do governo estadual.

Antes do início da assembleia que decidiu pelo fim da greve, professores realizaram uma breve peça teatral intitulada A Paixão do Professor, com a encenação de uma via-crúcis, com a crucificação de um professor e de outros trabalhadores, que saiu em procissão da rampa da Catedral, adentrou o Eixo Monumental e à Catedral. Com apenas três estações, a via-crúcis do professor fez um paralelo entre a situação da categoria e da classe trabalhadora e a saga que Jesus Cristo enfrentou até o calvário. Inspirados na história da Páscoa cristã, os docentes denunciaram a retirada de direitos e ações do governo.

 

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