contra as reformas

Professores da rede estadual de SP aderem à mobilização nacional de 28 de abril

Docentes suspendem greve da categoria e organizarão comitês contra as reformas nas escolas. Objetivo é esclarecer pais e alunos sobre as propostas de Temer que atacam direitos

Roberto Parizotti / CUT

Desde 14h, docentes de pelo menos 25 cidades do estado de São Paulo lotaram o vão livre do Masp

São Paulo – Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram hoje (31), em assembleia realizada na Avenida Paulista, suspender a greve da categoria, iniciada há quatro dias, para se juntar a outros profissionais e construir uma grande paralisação nacional em 28 de abril, contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer. Até lá, os professores manterão um calendário de mobilizações, que inclui a criação de comitês contra as reformas nas escolas, para esclarecer pais e alunos sobre as propostas que retiram direitos de trabalhadores.

Desde as 14h, docentes de pelo menos 25 cidades do estado lotaram o vão livre do Masp para participar da assembleia, carregando cartazes com dizeres como “sua aposentadoria vai acabar”, “diretas já”, “não à reforma da Previdência” e “máximo de 25 estudantes por sala de aula”. Na avaliação dos professores, os quatro dias de paralisação cumpriram o objetivo de fazer a população refletir sobre os efeitos da reformas da Previdência e trabalhista, que tramitam no Congresso Nacional, e a do ensino médio, já sancionada por Temer. A prioridade é construir um calendário de atividades em comum com outras categorias.

“Em meu nome, eu gostaria que nós continuássemos a greve, mas não posso me sobrepor à vontade da categoria, que está dizendo que está disposta a participar de atos e mobilizações, mas que não aguenta uma greve por tempo indeterminado agora”, disse a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel de Azevedo Noronha, a Bebel.

Alguns professores que tomaram a fala na assembleia discordaram da proposta do sindicato de suspender a greve. Eles defenderam que a paralisação da categoria é o melhor caminho para mobilizar a greve geral, que os docentes precisam defender seu reajuste salarial e que o sindicato não teria interesse em articular a greve nesse momento devido a eleições internas, previstas para maio. A maioria decidiu pela suspensão da greve com construção de um dia de lutas em 28 de abril.

A paralisação iniciada há quatro dias foi definida em assembleia no último dia 15, quando ocorreram mobilizações sociais em diversas cidades do país. “Neste período conseguimos uma boa mobilização. Na minha escola pelo menos metade dos professores pararam e em outras unidades esse total chegou a 90%”, disse a professora de Artes Maria do Carmo Porteiro, que leciona em uma escola na zona sul de São Paulo. “Nós seguimos mobilizados nas ruas contra os ataques de Temer.”

Os professores reagem ainda à postura do governador Geraldo Alckmin em relação à categoria, que está há três anos sem reposição salarial. Por isso, os docentes exigem reajuste imediato de 22,3%, seguindo inclusive o previsto no Plano Estadual de Educação, que prevê equiparar o rendimento médio dos professores aos demais profissionais com escolaridade equivalente. 

Caravanas

Os docentes exigem também reabertura de salas de aula fechadas na rede estadual e a revogação de portarias que extinguiram salas de leitura, entre outras reivindicações. Durante a assembleia, os professores denunciaram que chega a faltar papel higiênico em algumas instituições de ensino. “Na minha escola seguimos mobilizados sempre discutindo a possibilidade de uma greve. Somos contra a reforma da Previdência, reforma trabalhista e exigimos nosso reajuste salarial”, disse o professor de Matemática que se identificou apenas como Samuel e que veio de Hortolândia, no interior do estado, para participar da assembleia.

O sindicato planeja organizar caravanas até Brasília no dia da votação da reforma da Previdência e até Curitiba, em 3 de maio, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestará depoimento ao juiz Sérgio Moro pela Operação Lava Jato. Professores também articularão a criação de um selo com os dizeres “contra a reforma da Previdência”, que será colado na fachada de bares restaurantes e outros estabelecimentos comerciais.

Além disso, os docentes seguirão mobilizados no calendário já aprovado na última assembleia, posto em prática desde o último dia 18, que conta com visita de dirigentes às casas de deputados federais com para pressioná-los a assinar carta de compromisso de que votarão contra as reformas. 

Os professores da rede estadual continuam apoiando as mobilizações dos professores das escolas municipais, em greve há 17 dias, em pelo menos 55% da rede. A categoria prepara também uma consulta popular para ouvir a população sobre os projetos.

A assembleia foi encerrada às 16h, quando os professores se juntaram aos trabalhadores de outras categorias em manifestação na Avenida Paulista. De lá, seguiram em encaminhada até a Praça da República, na região central de São Paulo, para se juntar a outras categorias profissionais em um grande ato contra as reformas.