cobertura imparcial

Em acordo histórico, estudantes ‘ocupam’ parte da programação da rádio da UFMG

Emissora pública UFMG Educativa garantiu quatro horas diárias da programação destinada exclusivamente para o movimento que ocupa a universidade, além de plantão de notícias urgentes

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Foi cedida aos estudantes uma sala com telefone, internet e computadores com editor de áudio

São Paulo – Estudantes que participam do movimento Ocupa Tudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, firmaram um acordo histórico ontem (6) com a rádio da universidade, a UFMG Educativa, garantindo quatro horas diárias da programação exclusivas ao movimento, além de plantão para notícias urgentes.

A estratégia foi decidida em assembleia e os moldes foram definidos em negociação entre os estudantes e a direção do Centro de Comunicação da Universidade (Cedecom). O acordo inclui também a cessão de uma sala aos estudantes com linha telefônica, acesso a internet e dois computadores com software editor de áudio. Dois gravadores ficarão disponíveis para os estudantes, além do trabalho dos técnicos da rádio, que é uma emissora pública criada 2006 a partir de uma parceria entre a universidade e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Também ficou acertado que haverá negociações periódicas sobre o tempo de programação. “Dar visibilidade e voz às ocupações nos veículos de mídia é parte da transformação social e real que queremos para nosso país: convidamos a todas e todos pra construírem junto conosco o dia-a-dia desta nova porta que se abre para fora dos muros da nossa universidade”, dizem os estudantes em texto na página oficial do movimento no Facebook.

Contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela por 20 anos os investimentos do governo federal, e à reforma do ensino médio (prevista na Medida Provisória 746), ambas propostas de Michel Temer, estudantes ocupam 171 universidades no país. Em Minas Gerias, são 24, entre elas, a UFMG, com 18 prédios ocupados (16 no Campus Pampulha além da Escola de Arquitetura e Design e do Instituto de Ciências Agrárias em Montes Claros).

O movimento secundarista chegou a ocupar 1.197 escolas em 21 estados em 28 de outubro, auge do movimento. O balanço nacional do número de escolas ocupadas está temporariamente suspenso pelo movimento estudantil, devido à inconsistência de dados no Paraná, estado com maior número de escolas ocupadas, onde nos últimos dias ocorreu uma série de desocupações por decisões judiciais.

“Entendemos que uma parte importante do golpe contra as/os trabalhadores e estudantes vem sendo construída pela mídia, que, no Brasil, é controlada por poucas famílias milionárias com grande influência política, que visam apenas o lucro e manter seus privilégios”, dizem os estudantes no Facebook. “A velha mídia, que escolhe claramente o lado que quer mostrar, não cumpre o papel de informar a população, por isso lutamos também pela sua democratização.”

Quem mora em Belo Horizonte pode acompanhar as notícias sintonizando a frequência 104,5 FM. Já quem mora em outras cidades ou estados pode acompanhar a programação ao vivo por aqui.