resistência

Do Paraná para São Paulo, Ana Júlia volta a dar o recado dos estudantes

Secundarista que enfrentou Assembleia Legislativa do Paraná e virou símbolo na luta contra retrocessos de Temer na educação avisa que ocupações continuarão. 'Por um Brasil que não seja de uma elite'

Facebook/Jornalistas Livres

A secundarista denunciou que o movimento vem sofrendo investidas violentas de grupos conservadores

São Paulo – A secundarista Ana Júlia Ribeiro, de 16 anos, que ficou conhecida nacionalmente após sua fala na Assembleia Legislativa do Paraná sobre as razões do movimento de ocupação nas escolas de todo o país, afirmou hoje (10) que os estudantes estão defendendo o futuro do Brasil.

A aluna do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, participou de audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 (antiga 241), que congela os investimentos sociais do governo federal por 20 anos e é um dos principais motivos das ocupações, junto com a reforma da estrutura curricular do ensino médio, prevista na Medida Provisória 746 – ambos projetos do governo de Michel Temer.

“Estamos lutando porque acreditamos no futuro do país. Queremos que o Brasil não seja um país elitizado, mas seja para todos”, disse durante. “Com essas medidas o pobre ficará mais pobre e o rico ficará mais rico.”

Ana Júlia afirmou que antes das ocupações os estudantes organizaram uma série de mobilizações de rua, mas não conseguiram ser ouvidos. “Só ganhamos visibilidade quando começamos a incomodar. Por isso vamos continuar ocupando as escolas, porque acreditamos na educação pública de qualidade.”

A secundarista denunciou que o movimento no Paraná, estado que concentrou o maior número de escolas ocupadas, vem sofrendo investidas violentas de grupos conservadores. “Batem na cara de estudantes, tentam arrombar as portas das escolas durante a noite e ainda nos chamam de invasores”, relatou.

Aplaudida várias vezes, Ana Júlia lembrou que a luta dos estudantes é também contra a Lei da Mordaça, como as comunidades escolares chamam o projeto Escola sem Partido, por cercear debates de ideias nas aulas. “Sabemos que Escola sem Partido é na verdade a escola de um partido só”, provocou. Segundo ela, a escola tem de ser política, discutir tabus e explorar todo os lados. “O adolescente é um sujeito de direito que tem de ser escutado. Nós pensamos por nós próprios, fazemos nossa crítica”, defendeu. “Um estudante se derruba fácil, mas todos ninguém derruba.”

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