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Cai número de adolescentes que usam preservativos em relações sexuais, diz IBGE

Em 2015, 66,2% dos estudantes que tiveram relações sexuais afirmaram que usaram preservativo. Três anos antes, esse número chegava a 75,3%

reprodução/TVT

Adolescentes se sentem constrangidos em buscar preservativos nos postos de saúde ou pedi-los aos pais

São Paulo – Entre 2012 e 2015, caiu em 9% o número de adolescentes que usam preservativo nas relações sexuais, segundo dados da terceira edição da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar do IBGE feita com adolescentes na faixa dos 13 aos 15 anos, que estudam no 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de todo o país.

Em 2015, 27,5% dos estudantes disseram já ter tido relação sexual. Desses, 66,2% disseram ter usado camisinha na última relação. Em 2012, 28,7% cento dos alunos do 9º ano disseram ter tido relações sexuais, e 75,3% usaram camisinha.

Tabata Alves, vice-presidente da ONG Conviver é Viver, que dá assistência a portadores de HIV/aids no Jardim Ângela, na periferia da zona sul de São Paulo, conta que os meninos não gostam de usar preservativos porque dizem que incomoda, aperta. Já as meninas muitas vezes se apaixonam e acreditam que são a única parceira do rapaz. Segundo ela, os adolescentes se sentem constrangidos em buscar preservativos nos postos de saúde ou pedi-los aos pais.

Ela também confirma a perda do temor com relação à gravidade e letalidade da doença e a banalização dos remédios que permitem longa sobrevida. “A reação deles quando sabem é ‘ah, agora eu tomo o coquetel. Tomo o antirretroviral, e está tudo bem'”, diz Tabata, em entrevista à repórter Vanessa Nakasato, para o Seu Jornal, da TVT.

Alex tem 19 anos e descobriu que é soropositivo quando tinha 17. Contraiu o vírus de um namorado em quem confiava. Ele não se preocupava em se proteger, porque acreditava que nunca pegaria uma doença. “Antes de me infectar, achava que comigo não iria acontecer. Se tivesse me precavido antes de ter pensado isso, não teria me tornado soropositivo”, afirmou.

Ele também reclama da falta de campanhas de conscientização. “A gente têm TV, redes sociais, mas você só ouve falar dessas questões de preservativo em época de carnaval. Não se vê, o ano inteiro, passando comercial de preservativos.”

Nove em cada dez adolescentes entrevistados pelo IBGE disseram terem informação na escola sobre prevenção de aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, e 79% afirmaram receber informações sobre prevenção da gravidez.

Para o técnico em prevenção Tony Basílio, além de passar informação técnica, é preciso conversar com os adolescentes sobre sexo e prevenção, e não só na escola, mas principalmente em casa. Por isso, os pais também precisam se conscientizar. “O tabu maior são os pais. Os pais não conversam com os filhos sobre sexualidade. Os pais não conversam com os filhos sobre preservativo.”