VIOLÊNCIA

PM ataca estudantes que tentam acompanhar depoimento de Capez à CPI da Merenda

Presidente da Assembleia Legislativa irá depor hoje (14); Fernando Capez está arrolado nas investigações da Operação Alba Branca, que apurou fraude nas licitações na compra de merenda

Pedro Lopes/Mídia NINJA

Em segunda repressão no dia, a PM agrediu os estudantes

São Paulo – Estudantes secundaristas que acamparam, desde a madrugada de hoje (14), na entrada da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), para acompanhar o depoimento à CPI da Merenda do presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), foram atacados pela PM e barrados com violência pelos correligionários de Capez. Ele é acusado de integrar o esquema de desvio de recursos de contratos para fornecimento de refeições aos alunos da rede pública estadual.

Segundo o diretor da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Daniel Cruz, os secundaristas tentaram entrar no plenário, mas foram reprimidos pela Polícia Militar, que atirou spray de pimenta nos jovens.

Ainda durante a tentativa de entrar na CPI, um estudante foi preso pela PM – ainda não informações sobre as razões para a detenção, nem para onde o jovem foi levado. Os secundaristas estão concentrados nos corredores da Alesp e pedem que a reunião seja realizada em um plenário maior para que todos participem.

Após a primeira repressão da PM, estudantes começaram a bater nas paredes da Alesp em forma de protesto. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, uma das estudantes que participa da ocupação, afirma que houve mais agressão contra os secundaristas. “Eles bateram com os cassetetes em jovens, sem conversa.”

Logo depois do ataque da polícia, os integrantes da CPI liberaram a entrada de oito secundaristas no plenário para acompanharem a sessão. Entretanto, os estudantes afirma que se reunirão novamente para tentar colocar todos para dentro da reunião. No momento, há um cerco da PM na porta do plenário.

Segundo Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular em São Paulo, assessores e integrantes do PSDB tem conseguido acessar o plenário, o que causou revolta nos estudantes, que pedem por tratamento igualitário e reclamam da falta de isonomia.

Na sessão desta quarta-feira, além do depoimento de Capez, o assessor do deputado tucano Luis Carlos Gutierrez está sendo ouvido. Também estava prevista a participação José Merivaldo, outro assessor de Capez, porém ele não compareceu alegando motivos médicos.

PT abandona sessão

Após a segunda repressão da polícia contra os estudantes, o PT abandonou a sessão da CPI da Merenda. Segundo o deputado estadual Alencar Santana (PT) “com os ataques da PM e o impedimento da participação de estudantes a sessão tornou-se insustentável”. A bancada petista, que havia sugerido a troca do plenário da reunião para caber todos os estudantes, pediu que a sessão fosse suspensa, mas foi negado pelo presidente da Comissão, Marcos Zerbini (PSDB).

Durante esta manhã, Luis Carlos Gutierrez, assessor de Fernando Capez, foi ouvido. Ele negou todas as perguntas e afirmou que não conhecia ou recebeu propinas da Cooperativa Agrícola Familiar (Coaf).

Após a participação de Gutierrez, o PT voltou ao plenário e aguarda o depoimento de Capez.

Acampamento

Os secundaristas informaram, pelo Facebook, que o acampamento faz parte da mobilização “Rolezinho ‘Capez, chegou a sua vez'”, uma estratégia de pressão para terem presença no plenário durante o depoimento do presidente da Assembleia Legislativa, arrolado nas investigações da Operação Alba Branca, que apurou fraude nas licitações da Secretaria Estadual de Educação na compra de merenda para os alunos das escolas públicas estaduais.

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