Mobilização

Secundaristas ocupam terceira escola no Mato Grosso contra parceria privada

Alunos são contra proposta do governo de Pedro Taques (PSDB), que quer entregar 76 escolas estaduais à gestão privada

Facebook/O Mal Educado

A Escola Estadual Elmaz Gattas Monteiro foi a primeira escola ocupada contra proposta de terceirização

São Paulo – Estudantes secundaristas ocuparam ontem (25) a terceira escola estadual no município de Várzea Grande, na região metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, no Mato Grosso. Estão ocupadas as escolas estaduais Elmaz Gattas Monteiro, Dunga Rodrigues e Marlene Marques de Barros.

A principal reivindicação dos alunos é a revogação do edital publicado no último dia 14 pelo governo de Pedro Taques (PSDB) para parceria público-privada (PPP) para projeto, construção, reforma, ampliação, manutenção, gestão e operacionalização de serviços não pedagógicos de 76 escolas estaduais e 15 Centros de Formação e Aperfeiçoamento Profissional (Cefapros).

O presidente da Associação Matogrossense de Estudantes Secundaristas (Ame), Juarez França, afirmou que o número de ocupações pode aumentar. “Os alunos da Elmaz receberam hoje (ontem) uma ligação da secretária-adjunta da Educação. Mas o que queremos é uma reunião com o secretário, com pelo menos um representante de cada escola ocupada, para entregarmos nossa carta de reivindicações”, disse.

Segundo o estudante, o clima é tranquilo nas ocupações, que têm apoio da comunidade, e há viatura policial apenas diante da escola Elmaz, localizada em região mais central. “A gente até estranha. Porque se tratando de governo do PSDB, a gente sabe que a Polícia Militar é truculenta contra estudantes.”

“O governador foi muito descarado ao usar o termo PPP, que se confunde com a sigla de projeto político-pedagógico das escolas, que existe para nortear o trabalho dos professores. Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, foi mais direto ao usar o termo OS, que é a mesma coisa”, disse o estudante.

Além da resistência à implementação das PPPs nas escolas, os secundaristas querem a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar desvios de R$ 56 milhões da pasta da Educação, que seriam destinados a reformas e ampliações escolares e de um escândalo de superfaturamento na compra de alimentos para a merenda escolar que teria desviado R$ 11 milhões.

Os escândalos, que vieram à tona no começo do mês com denúncias do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Mato Grosso, levaram ao afastamento do secretário da Educação Permínio Pinto (PSDB).

Em nota, a Secretaria de Educação e Cultura do Mato Grosso nega que as escolas sejam privatizadas e que a gestão dos prédios, bem como a solução de problemas de infraestrutura, como reparos e consertos, por exemplo, ficarão a cargo da parceria privada.