'não tem arrego'

Estudantes ocupam Diretoria de Ensino Centro-Oeste do governo Alckmin

Secundaristas dizem que não foram à reunião com representantes do governo estadual, na manhã de hoje, porque estavam esperando a reintegração de posse

Rovena Rosa/ABr

Ocupação foi realizada nesta manhã, também como forma de pressão contra a desocupação do Centro Paula Souza

São Paulo – Estudantes secundaristas ocuparam hoje (5) a Diretoria Regional de Ensino Centro-Oeste, em Perdizes, como parte da mobilização contra a falta de merenda e a corrupção nos contratos da alimentação escolar. A ocupação também representa uma reação dos estudantes à reintegração de posse do Centro Paula Souza, ocupado desde a última quinta-feira (28), que deveria ter sido realizada hoje. “Não adianta tirar a gente do Paula Souza, porque a luta é maior que isso. A ocupação da regional centro-oeste é uma demonstração que vamos seguir ocupando até ter as reivindicações atendidas”, afirmou o secundarista Cauê Borges.

Segundo Cauê, os estudantes não compareceram à reunião marcada para a manhã de hoje, com representantes do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), porque preferiam manter o grupo unido durante o processo de reintegração de posse, que estava marcada para as 10h. Porém, não foram avisados da presença do vice-governador, Márcio França, no encontro. “A gente não podia esvaziar a ocupação bem no momento da reintegração”, afirmou.

A ação de desocupação, no entanto, não foi realizada por que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) quer garantir que a Polícia Militar (PM) possa utilizar armas letais e não-letais contra os estudantes, na maioria adolescentes. A SSP informou que vai adotar “todas as providências cabíveis” para garantir o uso de armas contra os secundaristas. “O estabelecimento de condições extravagantes sem qualquer fundamento legal para o cumprimento de ordem já autorizada pelo juiz natural da ação possessória (…) pode gerar riscos no momento de retirada dos invasores”, argumenta a SSP, em nota.

Cauê disse que os secundaristas vão resistir pacificamente. “Não vamos reagir à ação de forma direta, mas sentaremos no chão e teremos de ser carregados”, afirmou. Os estudantes também ocuparam outras onze escolas técnicas estaduais (Etecs) e duas unidades de ensino básico. Para eles, as demandas dos alunos das duas redes têm muito em comum. “Estamos unificando a luta entre as Etecs e as escolas estaduais. Nas Etecs nunca teve merenda e, nas escolas estaduais, está faltando em várias”, afirmou a estudante Cris Manolopoulos, de 17 anos, em entrevista à Agência Brasil.