fascismo

Apeoesp sofre atentado em subsede na capital e no litoral sul

As ações contra o sindicato dos professores ocorreram na Subsede Oeste Lapa, área de abrangência de duas diretorias de ensino que foram ocupadas por alunos, e na casa de um dirigente em Itanhaém

Apeoesp

Perícia vai apurar tentativa de incêndio à sede do sindicato dos professores

São Paulo – O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) começou o dia de hoje (16) com atentados à subsede Oeste-Lapa, na capital paulista, e outro, à residência de um dos diretores, em Itanhaém, no litoral sul. Nos dois casos, houve tentativa de incêndio.

A subsede abrange escolas subordinadas a diretorias estaduais de ensino Norte 1 e Centro-Oeste, ambas ocupadas por estudantes contra a falta de merenda e investimentos no setor. Os prédios foram desocupados na madrugada da última sexta-feira (13), com a invasão de policiais militares que agiram de maneira violenta e sem mandado judicial.

“Não é coincidência. Embora a decisão de ocupação seja dos alunos, nós, como professores, não podemos deixá-los sozinhos em sua manifestação. Todos sabem que os apoiamos com cobertores, alguns alimentos e assistência jurídica”, disse a diretora da entidade Maria Sufaneide Rodrigues.

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Porteiro eletrônico foi praticamente destruído pelas chamas

Segundo ela, quando funcionários chegaram pela manhã, notaram montes de cinzas de pneus queimados na frente do portão, bem como partes de componentes plásticos da fachada queimados, como o porteiro eletrônico. “O estrago só não foi maior porque o fogo deve ter apagado antes por causa do vento. O prédio poderia ter sido incendiado”, disse.

Foi registrado boletim de ocorrência. A perícia do local será realizada na tarde de hoje.

O outro atentado foi contra um carro do sindicato que estava dentro da garagem de um dos diretores da subsede Litoral Sul, residente em Itanhaém. A subsede abrange escolas estaduais dos municípios de Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Itariri e Itanhaém.

Segundo seu relato, um homem pulou o muro e colocou uma lata com thinner e possivelmente outros produtos semelhantes e atirou uma tocha de tecido em chamas. Um vizinho, que estava acordado, percebeu o que estava acontecendo e chamou a polícia. “O homem foi levado para o distrito policial e liberado em seguida. Mas recolhemos tudo e temos também cópias das imagens de câmeras de segurança, que foram entregues a nossos advogados”, disse.

Morador do bairro onde está localizada a escola, o professor é conhecido. “Todos sabem que sou ligado ao sindicato.”

Embora o caso ainda não esteja esclarecido, há suspeitas de que a ação tenha sido encomendada como represália por denúncias do sindicato em escolas da região, como assinatura de ponto por servidores mesmo quando estão fora da escola.

A presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, repudiou os atos que classificou como “fascistas”. “Exigimos do governo estadual que tome todas as providências cabíveis para os esclarecimentos desses casos e, sobretudo, medidas para prevenir e evitar fatos dessa natureza, investigando e desestruturando tais grupos.”

Ela destacou que o país vive um clima de intolerância e violência contra os movimentos sociais. “Na semana passada, o governo tucano de São Paulo passou a realizar desocupações de diretorias de ensino, escolas técnicas, escolas estaduais e outros prédios públicos sem mandado judicial. Isso contraria a Constituição federal e demais legislações que asseguram aos cidadãos o livre direito de manifestação e expressão. Por isso, estamos ingressando com medida judicial visando a coibir esta ação ilegal “, disse.

“A intolerância e a violência, contudo, se espraiam pela sociedade, com a atuação de grupos fascistas contra movimentos, instituições e pessoas que se mobilizam em defesa da democracia ou pertencentes a determinados grupos sociais, como negros, mulheres, homossexuais, imigrantes e outros. Têm sido recorrentes relatos de agressões e ameaças”, acrescentou Bebel.

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