Contra o descaso

Apeoesp propõe retomada do ‘Grito pela Educação Pública de Qualidade’

Para Bebel, desprezo de Alckmin pela educação paulista – escolas regulares e de ensino técnico – exige mobilização de todos os professores, estudantes e dos movimentos sociais

Jesus Carlos/Apeoesp

Em 2015, mobilização de professores, estudantes e movimentos sociais levou a ocupação de 213 escolas

São Paulo – A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, defendeu hoje (5) a retomada do Grito pela Educação Pública de Qualidade. De acordo com ela, a luta por melhores condições de ensino e aprendizagem, baseadas na valorização profissional e infraestrutura adequada, que motivou a mobilização de professores, estudantes, sindicatos e movimentos sociais paulistas no final de outubro de 2015 – que culminou com a ocupação de 213 escolas de ensino regular em todo o estado – é a mesma dos profissionais da rede de ensino técnico.

“Não bastou para o governador Geraldo Alckmin tamanha mobilização. Ele desconsiderou toda aquela luta. Prometeu suspender a reorganização e continuou fechando salas de aulas em escolas em todo o estado. E trata com o mesmo descaso o ensino técnico”, disse Bebel.

De uma semana para cá, estudantes ocupam a sede administrativa do Centro Paula Souza, autarquia estadual que administra as Etecs e Fatecs; 15 escolas técnicas na capital, Osasco e Embu das Artes, e a Assembleia Legislativa para pressionar a instalação da CPI da Merenda.

A falta de refeições afeta toda a rede estadual de ensino, começando a afetar também as escolas de tempo integral, segundo alunos. Mas é mais grave nas escolas técnicas. Daí a demanda por merenda ser a principal – e não única – reivindicação dos estudantes.

Segundo a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), Neusa Santana Alves, há cursos técnicos oferecidos em unidades do Centro Educacional Unificado (CEU), mantido pela prefeitura de São Paulo. “Quem estuda nessas unidades é beneficiado pelas refeições servidas pelo município”, diz.

A desvalorização profissional, que tem levado à falta de professores nas escolas, e o sucateamento da infraestrutura, sem manutenção e equipamentos adequados, são outros pontos que denunciam o descaso da gestão tucana pela educação.

“Temos conversado com dirigentes do Sinteps. Não dá para ficarmos sem fazer nada. Se as greves que fazemos têm sido insuficientes para chamar atenção para a situação, nada impede uma nova onda de mobilização em todas as escolas”, disse Bebel.

Para a dirigente da Apeoesp, o fato de uma comissão de estudantes não ter comparecido à reunião hoje com o vice-governador Márcio França não demonstra intransigência, e sim descrédito.

“Assim como nós, professores, os alunos querem diálogo, e não engabelação, empurrar com a barriga nossas demandas. Estamos ficando céticos em relação a esse governo, a um secretário que demonstra total desrespeito à população ao escrever artigo em que chama de estado-babá um estado que garanta os direitos, como é o caso de educação pública de qualidade”.

Comunidade ocupou Diretoria de Ensino contra corte de transporte escolar

Pais, alunos e professores da região de Parelheiros, extremo-sul da capital paulista, ocuparam hoje (5) a Diretoria de Ensino Sul 3 durante a maior parte do dia. Eles reivindicaram a volta do transporte escolar, cortado há duas semanas, levando muitos alunos a perderem aulas.

De acordo com um professor, que preferiu não ser identificado, a manifestação ocorreu após seguidas tentativas de entendimentos com a dirigente de ensino Eonice Domingos da Silva.

O corte de transporte, conforme ele, afeta alunos que moram longe da escola, numa região onde faltam linhas de ônibus, e os alunos, inclusive crianças pequenas, têm de caminhar mais de 40 minutos para estudar.

Os manifestantes deixaram o orgão depois de a dirigente ter se comprometido a assinar um contrato emergencial com transporte escolar.