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Seguranças gelam temperatura do Centro Paula Souza, ocupado por estudantes

Secundaristas acusam direção da autarquia de reduzir a temperatura para tentar esvaziar o ato

Rovena Rosa/Agência Brasil

Estudantes exigem diálogo com direção do CPA para reivindicar construção de refeitórios em Etecs

São Paulo – Estudantes que ocupam desde a tarde de ontem (28) o prédio Centro Paula Souza (CPS), na região central da capital paulista, autarquia responsável pela administração das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), sob gestão do governo Geraldo Alckmin (PSDB), passam muito frio nesta madrugada. Eles denunciam ter ouvido ordens de seguranças para diminuírem a temperatura do ar-condicionado, com objetivo de tornar inviável a permanência dos alunos no local.

“Já sentíamos frio, então, eles aumentaram o ar-condicionado durante a noite. Além disso, trancaram a sala de controle, não tivemos o que fazer. Passamos a noite toda com muito frio. Muitos estão gripados agora”, afirmou Francisco, que dormiu no local. “Foi difícil. Presenciei os seguranças ‘passando o rádio’ para esfriarem mais”, disse Lucas, também presente.

A ocupação começou com um ato realizado na manhã de ontem pelo centro da capital. Os estudantes reivindicam o fim dos cortes de verbas para a educação, que atingem tanto a esfera federal, quanto estadual, bem como exigem a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para investigar desvio de verbas da merenda escolar no estado, escândalo ligado ao presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB).

Entretanto, possuem uma reivindicação imediata. Desde a ocupação, os presentes exigiram a presença de membros da diretoria do CPS, para negociar a construção de refeitórios em Etecs que não possuem tal estrutura. Enquanto isso não acontece, os secundaristas pedem um auxílio-alimentação. “Não vamos desocupar até conseguirmos alcançar nossas pautas”, afirmou Francisco.

A direção da autarquia estadual afirmou permitir uma conversa com representantes dos alunos, que recusaram a proposta em assembleia. “Acreditamos que a diretora deveria descer em respeito aos alunos que estão lá desde ontem”, disse Lucas. “Agora não tem mais negociação. Todos só devem sair com a confirmação das exigências atendidas”, completou.

Em nota, o CPS informa que “segue trabalhando para solucionar questões pontuais com a readequação da estrutura disponível em algumas unidades e a negociação com a secretaria da Educação, responsável pelo orçamento, compra e distribuição de alimentos”. A autarquia ainda informa que recebeu um documento dos estudantes que inclui itens como “merenda, democratização, terceirização, entre outros”.

Funcionários do CPS

De acordo com a comissão de comunicação, organizada pelos estudantes da ocupação, alguns veículos teriam noticiado que haveria funcionários do CPS mantidos em cárcere privado. “Viemos informar que mais uma vez a grande mídia manipula as informações”, afirmam em nota.

Ontem foi decidido que os alunos controlariam as mudanças nos turnos dos seguranças “para que não houvesse a entrada de nenhum funcionário além dos que ali já estavam”. Eles alegam que os funcionários estão com medo de sair por temerem demissões arbitrárias.

“Esta é uma ocupação, ou seja, não temos a intenção de prejudicar nenhum trabalhador. Afinal, a luta é unificada. Porém, deixar com que funcionários tenham livre circulação e continuem seguindo as ordens de seus patrões é incoerente, pois sabemos que estes nos temem e tentarão frear o movimento, como já tentaram em apenas um dia”, completa a nota.