'sociedade orfã'

Educadores de São Paulo contestam secretário do governo Alckmin

Especialistas afirmam que secretário insinua com privatização do ensino público e lembram que esse modelo é 'fracassado'

reprodução/TVT

‘O papel do estado é oferecer uma escola laica, de qualidade, para todos’

São Paulo – Educadores criticaram postura do secretário estadual da Educação de São Paulo, José Renato Nalini, que, em artigo publicado no site da secretaria na última semana, defende a iniciativa privada e critica a visão de Estado provedor. Ouvidos pela reportagem do Seu Jornal, da TVT, eles reafirmam que o é papel do Estado oferecer ensino de qualidade, laico e para todos.

O artigo publicado por Nalini, entitulado A sociedade órfã, defende o conceito de estado mínimo e critica a extensão dos direitos garantidos pelo estado. “Muito ajuda o estado de que não atrapalha. Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça como emblemáticas. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares, diz o secretário.

Para o coordenador da ONG Ação Educativa, Sérgio Haddad, o que o secretário insinua é que seria melhor a privatização do ensino público. Jogar a responsabilidade da educação para a sociedade, em qualquer país do mundo, sempre foi um fracasso, alertou.

Nalini também critica as reivindicações e os direitos sociais. “A população se acostumou a reivindicar. Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço, do sacrifício e do empenho, passou à categoria de “direito”. E de “direito fundamental”, ou seja, aquele que não pode ser negado e que deve ser usufruído por todas as pessoas.”

O professor de políticas públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC) Salomão Ximenes diz que parte da comunidade acadêmica recebeu com preocupação e até certa indignação, as ideias apresentadas pelo secretário. Segundo ele, há uma desvalorização das reivindicações populares,  que são apresentadas como negativas e que o secretário tenta ainda justificar a crise social e do Estado como consequência da luta social.