Centro Paula Souza continua ocupado e ganha ‘reforço’ do Fernão Dias

Estudantes de SP voltam a se levantar contra fraudes na merenda, sumiço de verbas do ensino público e técnico estadual e fechamento de salas de aulas em processo de reorganização disfarçada

Daniel Mello/Agência Brasil

Estudantes de várias escolas voltam ao Fernão Dias em apoio ao secundaristas das escolas técnicas

São Paulo – Estudantes voltaram a ocupar a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste paulistana e o movimento cresceu ao longo do dia. O colégio havia sido um dos primeiros locais tomados pelos jovens durante a mobilização iniciada no fim de 2015 contra a reorganização escolar proposta pelo governo estadual. O grupo entrou na escola por volta das 2h40 de hoje e pretende permanecer no local por tempo indeterminado.

A nova ofensiva é impulsionada pela solidariedade à ocupação do Centro Paula Souza e à causa unificada das escolas técnicas estaduais (Etecs) – que sofrem com falta de merendas e de verbas. O Paula Souza é uma autarquia do governo do estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. O prédio ocupado, no centro velho de São Paulo – esquina da Rua dos Andradas com Santa Ifigênia, reúne a administração central da autarquia, a Etec Santa Ifigênia e o Centro de Capacitação.

O movimento no local foi desencadeado na quinta-feira (28). No momento a iniciativa prossegue sem incidentes. Os alunos informam que são bem-vindas doações de alimentos não perecíveis, saladas cruas e frutas, frios, café, panos de chão, sacos de lixo, toalhas, produtos de banho e higiene pessoal, escovas e cremes dentais.

Assista a reportagens da TVT sobre o tema e em seguida a um vídeo do BemBlogado

Os protestos também alertam a opinião pública sobre a ausência de medidas concretas contra os acusados de corrupção no sistema de merenda escolar, envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), e sobre o processo de reorganização disfarçada que vem sendo praticado pela Secretaria de Educação.

“Também tem o fechamento de salas, foram mais de 1,3 mil no estado. Períodos fechados. Aluno que teve de mudar de escola ou de turno. Na Fernão Dias, dois segundos anos [duas turmas do ensino médio] tiveram que ir para o turno da noite porque não tinha o turno da tarde”, disse ao repórter Daniel Mello, da Agência Brasil, a estudante Manuela Day, de 15 anos.

O processo de reorganização que seria implantado pelo governo do estado previa o fechamento de 93 escolas e a transferência de 311 mil alunos para instituições e turnos diferentes. As medidas foram interrompidas após a série de protestos e ocupações.

A Polícia Militar faz ronda constante com viaturas no entorno da escola. Segundo Manuela, durante a madrugada os policiais usaram spray de pimenta para tentar conter a ação dos jovens.

Os estudantes continuam se articulando e, de acordo com Manuela, pode haver novas ocupações em breve. No ano passado, cerca de 200 escolas chegaram a ser tomadas pelos jovens.

Fraudes

Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.

Com Agência do Brasil e redes sociais