São Paulo

Secretário da Educação abre diálogo com internautas, mas foge das perguntas

José Renato Nalini abriu ontem (7) um espaço de conversa com internautas, que o questionaram sobre esquema de corrupção nas merendas e reorganização disfarçada

reprodução/facebook

Para secretário José Renato Nalini, identificar e punir envolvidos no escândalo da merenda são atribuições do MP

São Paulo – O secretário estadual da Educação em São Paulo, José Renato Nalini, promoveu ontem (7) uma conversa por meio da página da secretaria no Facebook, com objetivo de receber propostas para a pasta e informar que pretende levar equipes para diferentes escolas a fim de ouvir os grêmios estudantis. Como resultado, Nalini recebeu uma série de críticas relacionadas à gestão do ensino público paulista.

Os internautas pressionaram o secretário em temas como a superlotação nas salas de aula, bem como o fechamento de turmas, mesmo após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) suspender o projeto polêmico de “reorganização escolar”. De acordo com dados do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), desde 2015 a gestão tucana já extinguiu 4.300 salas.

“Você disse em uma entrevista que somente as escolas que aprovarem a reorganização terão esta medida implantada. Como você explica as salas que já foram fechadas em todo o estado, causando a superlotação das remanescentes?”, questionou uma internauta. Em resposta, o secretário afirmou que, de acordo com pesquisas, houve uma redução no número de jovens em idade escolar e que nenhuma escola será fechada, ou sala eliminada sem prévio diálogo.

RBA
Questionamentos sobre escândalo da merenda dominaram os comentários

O argumento de Nalini não convenceu parte dos participantes. Na réplica, dados e entrevistas do próprio governador desmentem o que foi dito. “Bom, acho que seu chefe está um pouco equivocado, ou seria você?”, questionou um internauta ao postar matéria do site UOL, que traz a fala de Alckmin: “É natural que tenha menos salas de aula”. Outra matéria, do mesmo portal de notícias, revela que 15% das escolas estaduais registram superlotação.

Em certos questionamentos, Nalini se esquivou de forma mais enxuta. O internauta Leandro Minhoso realizou uma série de perguntas acerca da “reorganização escolar” e do escândalo de desvio de verbas para merendas. “Existe algum plano de elucidar estas questões ao público com respostas profundas, demonstrando evidências de que a tal reorganização não está acontecendo e que os problemas da merenda são pontuais e não há nenhuma corrupção sobre o assunto?”, perguntou. O secretário afirmou: “Leandro, passe os dados concretamente e verificaremos”.

De acordo com o Ministério Público do Estado (MPE), um esquema de superfaturamento e pagamento de propinas em contratos de distribuição de merenda desviou entre 10% e 25% do valor destinado ao recurso em 22 prefeituras do estado. Um dos citados na investigação, que envolve a Secretaria da Educação e o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), vem sendo alvo de constantes protestos. Quando questionado sobre “quando vão punir os ladrões de merenda”, o secretário retrucou com outra breve resposta: “Essa é a missão do MP”.

Por fim, Nalini agradeceu a participação dos usuários da rede social que retrucaram insatisfeitos. “E a merenda?”, “A escola que queremos tem que ter merenda”, “Muitas perguntas sem resposta. Só enrolação”.

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