Ternos em Miami

Novo secretário da Educação de Alckmin defende auxílio ‘contra depressão para juízes’

Governador nomeia José Renato Nalini para substituir Herman Voorwald. Até o ano passado, Nalini presidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo

reprodução/yt

José Renato Nalini: “Cada dia da semana ele (o magistrado) tem que usar um terno diferente”

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou hoje (22) o desembargador e professor universitário José Renato Nalini como titular da Secretaria de Estado da Educação. O anúncio foi feito em Santo Anastácio, região de Presidente Prudente, onde o governador cumpriu agenda.

Ao comunicar a indicação, Alckmin disse que “o professor Nalini tem espírito público e é extremamente interessado nas questões da educação. É um homem do diálogo, da cultura, da Academia Paulista de Letras. Temos absoluta confiança de que vamos dar um grande passo para melhorar ainda mais a qualidade da escola pública de São Paulo em benefício dos nossos alunos”.

O novo secretário – ele é sucessor de Herman Voorwald, demitido por Alckmin em 4 de janeiro em meio a pressões dos estudantes que chegaram a ocupar 213 escolas em todo o estado contra a reorganização – ficou mais conhecido por defender bolsa-auxílio para os magistrados que nem sempre podem ir a Miami comprar seus ternos.

Em entrevista à TV Cultura, Nalini fez sua defesa à aprovação pelo Judiciário de R$ 1 bilhão em “auxílio-moradia” para os seus juízes, que correspondia a R$ 4,4 mil por mês para cada magistrado do país, independentemente de já ter casa e de estar na ativa ou não.

“Esse auxílio-moradia na verdade disfarça um aumento do subsídio que está defasado há muito tempo. Hoje, aparentemente o juiz brasileiro ganha bem, mas ele tem 27% de desconto de Imposto de Renda, ele tem de pagar plano de saúde, ele tem de comprar terno, não dá para ir toda hora a Miami comprar terno, que cada dia da semana ele tem que usar um terno diferente, ele tem que usar uma camisa razoável, um sapato decente, ele tem que ter um carro”.

Disse ainda que “espera-se que a Justiça, que personifica uma expressão da soberania, tem que estar apresentável. E há muito tempo não há o reajuste do subsídio. Então o auxílio-moradia foi um disfarce para aumentar um pouquinho. E até para fazer com que o juiz fique um pouquinho mais animado, não tenha tanta depressão, tanta síndrome de pânico, tanto AVC etc”.

Nalini foi até o ano passado presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da PUC-Campinas, é mestre e doutor em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da USP.

Professor, Nalini leciona desde 1969, quando começou no Instituto de Educação Experimental Jundiaí (atual E.E. Bispo Dom Gabriel Paulino Bueno Couto) dando aula de Sociologia em aperfeiçoamento para professores. Desde então, nunca mais deixou de dar aulas, como na Escola de Educação Física de Jundiaí, Faculdade de Engenharia de Barretos, Faculdades de Direito da PUC-Campinas, USP, Padre Anchieta, Faap e Uninove.