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PM reprime protesto de estudantes por educação de qualidade

Três pessoas foram detidas e liberadas em seguida. Manifestação reuniu pelo menos 15 mil pessoas, que marcharam por três horas da Avenida Paulista ao centro da capital

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Três pessoas foram detidas e liberadas em seguida, sendo dois estudantes e um morador da região

São Paulo – A Tropa de Choque da Polícia Militar reprimiu com violência um protesto de estudantes na noite de hoje (9), na Praça da República, região central de São Paulo. Após três horas de manifestação, que, segundo os organizadores, reuniu pelo menos 15 mil pessoas, os policiais atiraram bombas de gás contra os manifestantes, dispersando o ato.

Três pessoas foram detidas e liberadas em seguida, sendo dois estudantes e um morador da região, que foi agredido com um soco no peito. A ação teria começado quando um grupo se aproximava da sede da Secretaria Estadual de Educação, localizada na Praça da República. Após o ataque, um grupo de manifestantes reagiu ateando fogo em lixo e soltando rojões.

Os estudantes marcharam da Avenida Paulista até o centro em protesto contra o projeto de reorganização escolar criado governador Geraldo Alckmin (PSDB) que pretendia fechar pelo menos 93 escolas e transferir compulsoriamente 311 mil alunos. Eles pediam ensino público de qualidade.

A marcha saiu do vão livre do Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista, com cerca de mil pessoas. Ao longo do caminho, milhares de outros manifestantes se uniram ao protesto, entre alunos, professores e apoiadores.

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Ação da PM teria começado quando um grupo se aproximava da sede da Secretaria Estadual de Educação

Com bandas de fanfarra e entoando palavras de ordem contra Alckmin, o grupo seguiu pela Paulista até a Praça do Ciclista, retornou e seguiu pela avenida 9 de Julho, Viaduto Maria Paula, rua Xavier de Toledo, rua Conselheiro Crispiniano e Avenida São João, chegando Praça de República.

A reorganização elaborada sem diálogo prévio com a comunidade escolar desencadeou a ocupação de duas diretorias de ensino (Santo André e Sorocaba) e de 208 escolas, além de uma série de protestos, que também foram duramente reprimidos pela Polícia Militar. Pelo menos 11 estudantes foram presos e um policial atirou contra o prédio de uma escola que estava sendo ocupada.

Após 25 dias de luta dos estudantes, o governador veio a público na última sexta-feira (4) anunciar a suspensão do projeto, mas limitou-se a dizer que os alunos vão continuar nas escolas que já estudam e que o governo começará a aprofundar esse debate escola por escola, “especialmente com estudantes e pais de alunos”. Sem garantias do cancelamento do projeto, os estudantes prometem se manter mobilizados, até que o governador cancele definitivamente a “reorganização” e apresente um cronograma de reuniões com a comunidade.