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Contra OSs nas escolas de Goiás, alunos ocupam colégio fechado por Marconi

Estudantes querem a reabertura do JCA, fechado em 2014 pelo governador do PSDB, e prometem novas ocupações pela abertura de escolas fechadas e contra a contratação de OSs para a direção escolar

reprodução/yt/DesneuralizadorBrasil

Marconi publicou decreto autorizando a contratação de entidades privadas para dirigir escolas estaduais

São Paulo – As ocupações de escolas por estudantes paulistas, que levaram à suspensão da reorganização do ensino de Geraldo Alckmin (PSDB) e à queda de seu secretário da Educação Herman Voorwald, na última sexta-feira, incentivaram os estudantes goianos. Desde ontem (9), eles ocupam o Colégio Estadual José Carlos de Almeida, mais conhecido como JCA, na região central de Goiânia. A manifestação é contra a transferência da direção das escolas estaduais para organizações sociais (OSs).

Anteontem, o governador Marconi Perillo (PSDB) publicou decreto que autoriza o estado a contratar essas organizações privadas para dirigir 200 escolas estaduais. Em entrevistas, ele e a secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, têm afirmado que “empresários são melhores gestores do que os educadores”.

Plano antigo de Perillo, a terceirização da gestão escolar foi confirmada logo nos primeiros dias do ano, quando iniciou seu novo mandato.

Para os estudantes, a terceirização enfraquece ainda mais a qualidade do ensino público, ao prejudicar a carreira carreira docente e transferir recursos do estado para empresas privadas.

O movimento, que tende a aumentar com novas ocupações a partir desta sexta-feira (11), espalhando-se pelas periferias e pelo interior do estado, começou no JCA por uma questão simbólica. “No ano passado, Marconi fechou a escola alegando reforma. E não reabriu dizendo que a baixa demanda não justificava a abertura. É o patrimônio público dilacerado e abandonado. Nas periferias, as salas de aulas de aula estão superlotadas”, conta o estudante Gabriel Tatico, 19 anos.

De acordo com ele, o movimento já conta com apoio de diversas entidades sindicais além dos professores, como médicos. E até taxistas já manifestaram apoio.

A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) esteve hoje em reunião com dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). As duas entidades querem audiência com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para discutir aspectos relacionados a recursos federais que poderão ser destinados a essas organizações privadas.

“Como vão ficar os recursos do Fundeb, programas como o dinheiro direto na escola, o do livro didático?”, questiona a presidenta do Sintego, Bia de Lima.

Nesta semana, o Sintego enviou ofício ao presidente do Conselho Nacional de Educação, Gilberto Gonçalves Garcia, solicitando parecer da entidade sobre a legalidade da administração de escolas públicas pelas organizações sociais. Uma das preocupações do sindicato é com repasses de recursos federais diretamente a essas organizações.

Na terça-feira (8), em audiência pública do Fórum Estadual de Educação na Assembleia Legislativa de Goiás, o diretor da Faculdade de Educação da Unicamp, Luiz Carlos Freitas afirmou que transferir a gestão escolar para OSs é privatizar o ensino.

Segundo ele, em outros países em que o modelo foi implementado, primeiro houve parceria com OSs e, na sequência, com empresas. O objetivo é sempre o mesmo: cortar gastos com salários. “Em todo o mundo, essas entidades são conhecidas por precarizar as condições de trabalho e pagar baixos salários.”

Experiências privatistas na Austrália, Suécia e Estados Unidos, conforme Freitas, prejudicaram o aprendizado em matemática e na língua materna, além de aumentar a segregação racial e social, enxugar o currículo escolar e centrar no ensino em treinos para testes em detrimento de formação humana integral.