Contramão

USP segue sem política de cotas no vestibular da Fuvest

Universidade de São Paulo é uma das poucas a resistir contra políticas de inclusão e compensação. Maioria absoluta de candidatos e de estudantes aprovados é branca

reprodução/TVT

Competição desleal: estudantes negros e pobres têm dificuldades até para frequentar cursinho social

São Paulo – O vestibular da Fuvest é o mais disputado do país, e a USP é uma das poucas universidades que ainda não implementaram o regime de cotas raciais. Três em cada quatro concorrentes a uma vaga na USP são brancos. Nos cursos considerados mais tradicionais, como direito e medicina, a presença de estudantes negros é ainda menor.

O acesso de jovens negros à universidade pública é uma das batalhas do Núcleo de Consciência Negra da USP. “Quando nós avaliamos esses programas ditos de inclusão da universidade, esses programas não incluem os jovens negros. Não incluem sequer alunos de baixa renda”, afirma integrante do coletivo Maria José Menezes, em entrevista à reportagem da TV Brasil.

O Núcleo de Consciência Negra da USP mantém cursinho popular oferecido aos jovens negros e de baixa renda que querem prestar vestibular, mas a evasão escolar é também uma barreira. Dos 70 estudantes que começaram o curso no início do ano, mais da metade desistiu. Às vésperas do vestibular, poucos continuam frequentando às aulas.

“O que acontece é que muita gente trabalha, muita gente arranja trabalho durante o curso e tem que ajudar em casa, não tem jeito”, conta o professor André Ricardo Martelini, que afirma ainda que muitos têm que escolher os dias de ida ao cursinho, por falta de dinheiro para transporte, alimentação e outros custos.

Maria José Menezes confirma a baixíssima participação de estudantes negros, principalmente nos cursos mais tradicionais. “Quando você tem alunos negros, é uma minoria absoluta. São dois, três. Dificilmente se tem turmas com percentual que chegue a 5% ou 10%.”