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Prefeitura de São Paulo forma 5 mil professores em direitos humanos

A ideia é abordar com os alunos, transversalmente às disciplinas, valores democráticos e solidários. Até o final do ano, pelo menos mais 2.500 educadores devem estar formados

Rivaldo Gomes/ Folhapress

Pós graduação aborda temas como diversidade, inclusão e gênero na escola

São Paulo – A Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo já capacitou, até setembro deste ano, 5 mil professores para trabalharem temáticas referentes a direitos humanos em sala de aula, por um projeto de formação que engloba de cursos livres à pós-graduação. A ideia é abordar com os alunos, transversalmente às disciplinas, valores democráticos e solidários. Até o final do ano, pelo menos mais 2.500 educadores devem estar formados.

Uma das opções para os professores da rede municipal são os cursos de especialização em temas como Direitos Humanos, Educação de Jovens e Adultos e Diversidade, Inclusão e Gênero na Escola. Ocorrem também seminários sobre o tema e cursos rápidos que abordam temáticas relacionas a direitos humanos, com carga horária de 12h. A participação não é obrigatória e varia segundo a disponibilidade de tempo e o interesse dos docentes.

“Medidas como essa são extremamente importantes no Brasil, que tem um histórico de 300 anos de escravidão, de genocídio indígena e de ditaduras. Tudo isso deixa um ranço cultural. Temos valores de autoritarismo e preconceito muito presentes ainda. Uma das maneiras de acabar com esse legado é construir cultura democrática e de solidariedade por meio da educação”, diz o coordenador adjunto de Educação em Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Jonas Waks.

A rede municipal da cidade conta hoje com 60 mil professores. “Vamos atingir cerca de 10% deles com os cursos mas, pensando em números absolutos, são mais de 6 mil educadores, um total maior que a rede da maioria dos municípios brasileiros. Esperamos que os professores formados disseminem os conhecimentos adquiridos nesses cursos dentro das diretorias municipais de ensino”, diz Waks.

Ainda neste mês, o secretário-adjunto de Direitos Humanos, Rogério Sottili, afirmou ao GGN, que o programa possibilita uma “revolução”. “Nós vamos fazer uma revolução na cidade. É lindo, isso revoluciona! A cidade, a educação, as pessoas, porque se trabalha com o aluno, trabalha com a família, com a comunidade.”

Para apoiar a formação dos professores, a prefeitura implementou quatro centros de educação em direitos humanos, em Centros Educacionais Unificados (CEUs), cada um em uma região da cidade. São neles que ocorre parte das atividades de formação e onde também estão disponibilizados materiais para uso em sala de aula e uma biblioteca específica sobre direitos humanos.

A Secretaria de Direitos Humanos também elaborou um material didático para as crianças da rede, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, chamado “Respeitar é Preciso”. Os livros abordam temas como homofobia e transfobia, democracia na escola, respeito e humilhação e direitos e deveres. “Tem uma corrente que defende que a educação relacionada a valores deve ocorrer apenas em casa e que a escola deve se limitar a ser uma transmissora de conteúdo. Não acreditamos nisso. Para nós, a escola é um lugar de aprendizado e socialização, onde se transmitem valores.”

Outra medida já posta em prática para fortalecer a educação em direitos humanos é a realização de um prêmio anual que reconhece ações inovadoras executadas por funcionários da educação que incentivem princípios de tolerância e respeito dentro das escolas. A premiação deste ano ocorrerá em 10 de dezembro, no auditório do Ibirapuera. “Com a formação de professores, o material didático, o prêmio e a criação dos centros de referência acreditamos que temos um conjunto de estratégias que deixarão um legado para a cidade”, defende Waks.

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