Intransigência

Secretaria da Educação é ‘genérica’ sobre reposição, afirma Apeoesp

'Acabou a paralisação e ele continua não se responsabilizando pela educação. Temos uma secretaria alheia aos problemas de educação no estado', diz diretor da entidade

Pedro Ribas/ANPr

Para Governo do Estado reposição de aulas é responsabilidade das unidades escolares e pais de alunos

São Paulo – A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo é “genérica” e “terceiriza” a responsabilidade, ao determinar que os calendários de reposição devem ser elaborados pela direção de cada unidade escolar, em parceria com pais e alunos. A avaliação é do secretário de Comunicação da Apeoesp (o sindicato dos professores da rede pública), Roberto Guido, em entrevista à repórter Camila Salmazio,da Rádio Brasil Atual.

“Novamente, a secretaria se posiciona de forma genérica sobre o problema. É isso que o governo vem fazendo o tempo todo, desde o início da greve. Acabou a paralisação e ele continua não se responsabilizando pela educação. Temos uma Secretaria de Educação extremamente alheia aos problemas de educação no estado.”

A secretaria apresentou na última terça-feira (16) as diretrizes para a reposição de aulas na rede pública estadual de ensino, por conta da greve dos professores que durou 92 dias. Nos próximos dias, instruções a serem publicadas no Diário Oficial do Estado devem determinar que as 91 diretorias regionais de ensino se responsabilizem pela definição e o acompanhamento do plano de atividades das escolas.

Guido afirma que uma reunião para tratar de falta de professores, reposição e fechamento do bimestre estava prevista para a segunda-feira (15), porém um encontro entre o sindicato e o secretário Herman Voorwald foi cancelado e não há previsão de nova data.

“Não está garantida a retirada das faltas do prontuário dos professores. A segunda questão diz respeito ao problema de notas absurdamente dadas sem os estudantes terem aulas. Nós temos várias denúncias de escolas que fecharam as menções dos estudantes do segundo bimestre, sem a presença do professor. Quem avaliou? De que maneira o aluno foi avaliado? É uma irresponsabilidade muito grande da Secretaria de Educação não querer discutir esses problemas, porque esses estudantes têm o direito à aprendizagem e a serem avaliados”, questiona Guido.

Em nota, a secretaria reafirmou o posicionamento de que a greve dos professores foi um movimento isolado, e que o índice de comparecimento durante o período de paralisação foi de 95%. A Apeoesp informa que vai solicitar nova reunião com o secretário e que pretende manter diálogo direto com os alunos.

A presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, afirma que a forma que as aulas serão repostas será definida pelos pais e professores. “Logo que terminou a greve o chefe de gabinete foi a público dizer como seria, mas será da forma que cada conselho de escola deliberar. Primeiro, dá a ordem quem paga a conta, ele não pagou, descontou os dias parados. Portanto, a nossa aliança é com os pais dos alunos”, disse, em entrevista a Vanessa Nakasato, na TVT. Assista.

Bebel ressalta que a greve mostrou os problemas da escola pública estadual e revelou um governo intransigente. “O fato de não apresentar uma proposta demonstra intransigência, que nós já denunciávamos durante todo o processo da greve. O governo é ruim na política, porque derrotar professor é o mesmo que derrotar escola pública, os alunos e a sociedade.”

“Quando você tem de ir para uma greve é lamentável. Quer dizer que não há diálogo. Um governo que deixa uma categoria como essa ir a uma greve é porque ele não tem a força do diálogo. Se tivesse, ele teria contido a greve”, afirma.

A presidenta do sindicato diz que a próxima campanha será contra a proposta do governo de São Paulo, que prevê a implantação do currículo “a la carte”, que reforma a grade curricular em 2016 e implementa disciplinas optativas aos alunos de ensino médio.

“Isso é demagogia barata para facilitar a aprovação. O menino que faz a escolha, por exemplo, só humanas, ele vai bem naquelas matérias, e deixa a parte de exatas de fora; mas é (uma área) necessária para a vida. Vai ter a aprovação automática no ensino médio, e ao mesmo tempo resolver a falta dos professores de Química, Física, Biologia e Matemática. O jovem tem de escolher, mas primeiro tem de ter uma autonomia intelectual”, diz.

Ouça a entrevista completa para a Rádio Brasil Atual:

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