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Professores do Paraná promovem ‘dia de luto e de luta’ contra repressão

Nova assembleia da categoria define rumos do movimento. Dia abre com passeata, repúdio ao autoritarismo de Beto Richa e memória das vítimas da violência policial da semana

Ricardo Gozzi, para a Rede Brasil Atual

Painel em frente à sede do Legislativo do Paraná expõe deputados que votam com Richa e contra os trabalhadores

Curitiba –Milhares de professores e servidores de diversas categorias do funcionalismo público do Paraná voltaram a protestar contra o governo do tucano Beto Richa na manhã de hoje (5) em Curitiba. Cerca de 25 mil pessoas reuniram-se na Praça 19 de Dezembro, também conhecida como Praça do Homem Nu, região central da capital paranaense, e saíram em passeata até a Praça Nossa Senhora de Salete, ao redor da qual situam-se as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado. Ao longo do percurso de pouco mais de um quilômetro, professores, estudantes e sindicalistas discursaram, puxaram palavras de ordem contra Richa e denunciaram o massacre promovido pela polícia paranaense contra os professores na quinta-feira da semana passada.

O espelho d’ água em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, foi tingido com tinta vermelha – mais de duzentas pessoas ficaram feridas depois da intervenção com força desproporcional da Polícia Militar contra os servidores, que protestavam para pressionar a Assembleia Legislativa a rejeitar o projeto de lei, proposto por Richa, que transfere para o fundo previdenciário dos servidores o custeio das aposentadorias e pensões de mais de 30 mil pessoas. A ideia, segundo o governador, alivia em cerca de R$ 140 milhões por mês o cofre do Estado, quebrado por Richa no decorrer de seu primeiro mandato, especialmente no último ano.

Tanto o governador quanto seu secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, eximiram-se de culpa na brutal repressão da polícia aos trabalhadores. Richa acusou supostos “blackblocs” e elementos “radicais” que estariam infiltrados entre os professores. Francischini esquivou-se de responsabilidade e negou ter ordenado a repressão, repassando a responsabilidade para o comando da PM. A atitude de Francischini alimenta rumores ainda não confirmados de que o comandante geral da PM do Paraná, coronel César Kogut, teria entregado o cargo. Até as 14h de hoje, a informação ainda não havia sido confirmada pelo governo.

Depois da repressão, em outra tentativa de eximir-se de culpa, Beto Richa baixou decreto regulamentando o uso de balas de borracha, spray pimenta e gás lacrimogêneo para o controle de multidões. No protesto de hoje, manifestantes chamavam o governador de “Beto Hitler”.

E enquanto representantes dos servidores tentam negociar a data-base do funcionalismo com representantes do governo, os professores preparam-se para uma assembleia, também na tarde de hoje em um estádio de futebol de Curitiba. Os professores devem decidir, entre outras coisas, se continuarão ou não em greve.

A segunda paralisação dos educadores e funcionários de escolas em menos de dois meses começou na semana passada, em protesto contra as mudanças na previdência paranaense. A greve foi declarada ilegal pela Justiça do estado e o governo promete descontar os dias parados. Os professores estão recorrendo da decisão.