Novo mandato

Educadores apoiam ‘Brasil, Pátria Educadora’, mas cobram maior diálogo

Para Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Apeoesp, Dilma acerta ao colocar a educação como prioridade do novo mandato. Mas afirmam que resultados dependem da implementação do PNE

Tomaz Silva/Agência Brasil

Dilma colocou a educação no centro do debate. Falta agora implementar o PNE, defendem os movimentos do setor

São Paulo – Instituir a educação como lema para seu segundo mandato é um grande acerto de Dilma Rousseff, segundo a presidenta do sindicato dos professores da rede estadual paulista (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, e do coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. Para ambos, o lema é claro ao determinar que a educação tem de ser a maior riqueza a ser construída no país. “Libertador, emancipador, o conhecimento é um patrimônio perene, que não se perde, que ninguém pode tirar”, disse Maria Izabel.

Ontem, em discurso no Congresso Nacional quando foi empossada, a presidenta Dilma anunciou que escolheu o lema “Brasil, Pátria Educadora” para o segundo mandato. De acordo com ela, além de prioridade de seu governo, a educação estará na formação do cidadão com compromissos éticos e sentimentos republicanos.

“Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro próspero. Democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a um ensino de qualidade em todos os níveis – da creche à pós-graduação; para todos os segmentos da população – dos mais marginalizados, os negros, as mulheres e todos os brasileiros”, disse Dilma.

Maria Izabel, que não esconde a preferência por um nome dos quadros petistas para ocupar o Ministério da Educação, afirmou que espera do novo ministro, o ex-governador do Ceará Cid Gomes (Pros), maior disposição para dialogar com os educadores e para a construção e condução coletiva das políticas para o setor.

Ela destacou que, enquanto governador do Ceará, ele não foi muito aberto ao diálogo com os professores. “Chegou a minimizar a luta da categoria de seu estado por melhores salários e condições de trabalho ao dizer que os professores deveriam trabalhar por amor e não por dinheiro.”

A dirigente reconhece, no entanto, os avanços na educação quando Cid Gomes esteve à frente da prefeitura do município de Sobral, no interior cearense, ocasião em que as escolas municipais obtiveram avanço expressivo em avaliações como o Ideb, que avalia a educação em todo o país. “É claro que Sobral é Sobral e Brasil é Brasil. São duas realidades diferentes que exigem um trabalho diferente”, disse.

Destacando o engajamento dos professores na campanha que levou Dilma à reeleição, e o apoio da categoria ao seu governo, a dirigente é firme na defesa do cumprimento das promessas de campanha. E reivindica mais participação.

“Queremos que o novo ministro ouça os professores representados por seus sindicatos e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, que têm muito a contribuir, e que até agora não foram chamados”, disse.

Ressaltando a importância de a educação passar a ocupar o centro do debate, Daniel Cara, cobra o compromisso com a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em julho pela presidenta.

“O PNE, que deve ser o instrumento essencial para a condução dos rumos da educação, regulando as obrigações inclusive do governo federal, não foi mencionado nem uma vez pela presidenta em seu discurso”, observou. “Parece que ela se esquece de que tudo o que falou que pretende fazer está dentro do plano”.

Preocupa ainda ao coordenador da campanha o fortalecimento da equipe econômica nesse segundo mandato, que pode fragilizar investimentos em setores sociais, como a educação. E também o mercado do petróleo e o andamento das investigações na operação Lava Jato, que podem atrasar a chegada de recursos dos royalties do petróleo e do fundo do pré-sal que vão financiar ações previstas no PNE.

Para Daniel Cara, é preciso aguardar o trabalho do novo ministro para então avaliá-lo ou criticá-lo. “O fato de não integrar o partido da presidenta (PT) pode não significar muito. O ex-ministro José Henrique Paim, apesar de ser petista, não vinha fazendo um bom trabalho.”

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