lei 13.006

Professora vê desafio no cumprimento de lei que exige cinema brasileiro nas escolas

Professora da UFSC destaca que os filmes não podem ser usados apenas como instrumentos ou recursos pedagógicos, e sim como objeto da cultura

arquivo/escola nossa senhora de fátima

A lei deve facilitar a formação da linguagem audiovisual e valorizar a produção nacional

São Paulo – A exibição de obras do cinema brasileiro agora é componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica das escolas. A Lei 13.006, publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira (27), determina que as escolas transmitam no mínimo duas horas de filmes nacionais para os alunos. O projeto, que tramitava na Câmara desde 2008, altera o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Para a professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Monica Fantin, são “imensos” os desafios que as escolas terão de enfrentar para que a medida seja cumprida. “Eu acredito que o desafio maior é trabalhar com a formação da linguagem audiovisual dos professores, a própria estrutura e as condições das escolas para fazer uma exibição dos filmes”, afirmou hoje (1º), em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Monica enfatiza que os filmes não podem ser usados apenas como instrumentos ou recursos pedagógicos, e sim como objeto da cultura, que propicie momentos de apreciação, mas também de crítica e reflexão. Além disso, a professora afirma que é preciso alfabetizar as pessoas para a linguagem audiovisual.

Ela destaca que as expressões da linguagem são múltiplas, especialmente na cultura digital. Para ela, os ensinamentos informais que as crianças aprendem paralelamente à escola precisam estar contemplados no currículo. A regra vale para a educação básica, que envolve desde a educação infantil ao ensino médio. Componente curricular da LDB, a regra aponta prioridade para o ensino médio. A LDB também exige o ensino de arte, da história e da cultura afro-brasileira.

A professora avalia que é muito importante a existência de uma lei que assegure não só o acesso, o direto à cultura, mas também à educação audiovisual. “Certamente, vai incentivar a própria produção nacional, o cinema brasileiro, e não só a formação de telespectadores.”

Outro desafio apontado pela docente é ampliar a diversidade do repertório, tendo em vista os limites do cinema comercial. “Acho que é muito importante também olhar um pouco para a nossa própria produção”, disse, acrescentando que é preciso aproximar as escolas das comunidades próximas e pensar na exibição de filmes que incluam a família.

Ouça a entrevista completa na Rádio Brasil Atual.