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São Paulo: professores rejeitam proposta de 15,38% de reajuste e mantêm greve

Para sindicatos dos docentes municipais, apenas os trabalhadores que recebem o piso terão aumento, como bônus. Prefeito pede que profissionais ‘repensem o posicionamento’

DCE Livre da USP

Professores saíram em passeata da avenida paulista até a prefeitura

São Paulo – Os professores municipais de São Paulo rejeitaram por ampla maioria a proposta de reajuste salarial apresentada na última sexta-feira (9) pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e decidiram manter a greve iniciada em 23 de abril. Eles participaram na tarde de hoje (13) de uma assembleia realizada pelo Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Sinpeem) e pelo Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo (Aprofem), que reuniu pelo menos 10 mil docentes no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Pelo projeto de lei assinado pelo prefeito na última semana, o piso salarial dos professores terá um aumento por meio de abono de 15,38%, passando dos atuais R$ 2,6 mil a R$ 3 mil a partir deste mês. Os professores em outros níveis da carreira, incluindo 28.513 aposentados, receberão aumento de 13,43%, conforme já havia sido acertado em 2011. A expectativa do secretário municipal de Educação, Cesar Callegari, é iniciar a incorporação gradual do abono a partir de 2015.

Os sindicatos entendem que apenas uma minoria dos professores, que recebem o piso, terão aumento real, uma vez que o abono de 13,43% já estava garantido desde 2011. “Um dos grandes impasses é a incorporação dessas gratificações, porque assim elas não incidem no padrão dos professores”, diz o secretário-geral do Sinpeem, Cleyton Gomes. “O prefeito não diz quanto vai ser incorporado no ano que vem. Queremos saber quantas parcelas serão e quando elas começarão a ser incorporadas.”

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Hoje, durante o anuncio da regulamentação da Lei Anticorrupção, na prefeitura, Haddad reforçou que, com o reajuste, os professores de São Paulo terão um dos maiores pisos salariais do país. “É um gesto de valorização dos professores, que merecem esse gesto, mas que deveria fazer com que as lideranças repensem seu posicionamento.”

“O reajuste de 13,43% que ele deu já estava previsto desde 2011. Além disso, nossa pauta não é só salarial. Exigimos desde redução do número de alunos por sala de aula até medidas efetivas para melhorar a qualidade do ensino”, afirma o professor de artes plásticas Valdecyr Marcelino, que trabalha há 12 anos na rede municipal paulistana.

“Eu me senti contemplado com o reajuste porque ganhamos mais que os professores da maioria dos estados ou cidades. Precisamos ter em mente a realidade do país. A garantia da incorporação é uma forma de mostrar que a prefeitura não é contra a nossa luta”, avalia o professor de inglês Jorge Luiz Ferreira, que trabalha há cinco anos nas escolas municipais de São Paulo.

Depois da assembleia, os professores saíram em marcha até a sede da prefeitura, no centro da cidade. Um novo ato está marcado para quinta-feira (15), às 14h, em frente a Secretaria Municipal de Educação.