Pauta concreta

Educadores do Semiárido baiano fazem ato em Brasília

Aproximadamente 500 educadores de escolas públicas da Chapada Diamantina e do Semiárido baiano fizeram ato em defesa da educação; chegada de mais ônibus é esperada hoje

GUSTAVO LIMA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Câmara dos Deputados é um dos alvos das reivindicações dos manifestantes da educação

Brasília – Aproximadamente 500 educadores de escolas públicas da Chapada Diamantina e do Semiárido baiano fizeram hoje (17), em Brasília, um ato em defesa da educação. Vestindo camisetas do movimento Educação em Nossas Mãos, o grupo portava faixas e cartazes em que pediam mais investimentos no setor. A chegada de outros dois ônibus, com cerca de 90 pessoas, é esperada ainda hoje.

O grupo chegou à capital federal de madrugada. Os manifestantes ocuparam uma das seis faixas do Eixo Monumental, que está entre as principais vias da região central de Brasília, e marcharam da Catedral Metropolitana até o Congresso Nacional.

“Viemos a Brasília, centro decisório do país, com o intuito de influenciar nossos governantes”, disse à Agência Brasil a diretora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa, Cybele Amado de Oliveira, explicando que o grupo já fez outros atos no interior baiano. “Mas aqui estão o Congresso Nacional, os ministérios, todos [os órgãos e pessoas] que deveriam estar absolutamente voltados para a educação.”

O grupo armou uma grande lona no gramado central da Esplanada, onde irá organizar uma série de debates. Na segunda-feira (19), os representantes do movimento têm reuniões agendadas com senadores. E esperam ser recebidos pelo ministro da Educação, Henrique Paim, a quem querem entregar um documento com algumas das principais propostas do movimento, como a vinculação do pagamento do Bolsa Família a resultados efetivos na escola além da frequência e a garantia legal de que programas e ações de governo, nas três esferas, tenham continuidade após mudanças de administração no poder central do país. Uma versão final do documento deverá ser entregue aos candidatos à presidência da República.

“Estamos discutindo algo como uma lei que acabe com a descontinuidade que afeta a educação brasileira. Após cada eleição, principalmente municipais, aulas são paralisadas, a distribuição de merenda e material escolar é descontinuada, mudam-se programas e o transporte escolar é interrompido”, acrescentou Cybele.

Ao falar sobre as carências da educação brasileira, Cybele comentou a prisão, esta semana, dos prefeitos das cidades baianas de Fátima e de Sítio do Quinto, além de ex-prefeitos, vereadores, secretários municipais e funcionários públicos desses e de mais 18 municípios baianos, por suspeita de participação em um esquema que, segundo a Polícia Federal (PF), desviou pelo menos R$ 70 milhões dos cofres das prefeituras. Ainda de acordo com a PF, boa parte do dinheiro foi desviada do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Edução (Fundeb), entre 2009 e 2014.

“Todo esse grupo aqui acompanha as comissões que, nos municípios da Chapada Diamantina, regulam os recursos públicos. Sabemos, portanto, dos desafios para o setor. Na situação que vivemos hoje, com tantas demandas, vemos recursos sendo desviados. Por isso, é necessário que haja comitês eficientes para que a sociedade possa monitorar a aplicação do dinheiro público”, concluiu a diretora.