Ensino superior

Atraso na entrega de laudos ambientais trava Unifesp na zona leste de São Paulo

Secretário municipal do Verde, Ricardo Teixeira, havia se comprometido a entregar os documentos até julho; órgão afirma que eles estarão prontos em mais 60 dias

UNIFESP

Moradores e movimentos sociais reivindicam aceleração das obras para construção da universidade

São Paulo – A demora de mais de dois meses da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente para liberar os laudos ambientais do terreno onde será construída Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de Itaquera é responsável pelo atraso no início das obras do campus, segundo a reitoria da universidade.

O chefe da pasta, Ricardo Teixeira, tinha se comprometido, em uma audiência pública na Câmara Municipal, em junho, a finalizar e entregar os documentos ainda em julho. A secretaria não justificou o atraso, mas informou que a empresa contratada para analisar o terreno já realizou a primeira fase dos estudos.

“Os serviços de campo foram concluídos no último dia 27 de setembro. Faltam agora as análises químicas laboratoriais e interpretação dos dados pela consultoria. O prazo para entrega do relatório final do terreno da Unifesp Leste é de até 60 dias”, informou a secretaria, em nota. O terreno fica localizado na Avenida Jacú-Pêssego, em Itaquera, onde funcionava a antiga metalúrgica Gazarra.

“A primeira coisa que precisamos são os laudos finalizados, para aí conseguirmos a posse do terreno e tornarmos público o cronograma de obras”, disse a pró-reitora de Graduação da Unifesp, Maria Angélica Minhoto. “O laudo preliminar indica que o terreno é bom. Já existe um prédio lá, que pretendemos reformar para incorporar a universidade.”

Em 26 de setembro, a reitora da Unifesp, Soraya Soubhi Smaili, e seu assessor de gabinete, Javier Amadeo, se reuniram com o prefeito Fernando Haddad (PT) para discutir o projeto da universidade. “O prefeito se mostrou bem interessado em colaborar para que o projeto saia em breve”, disse Maria Angélica. “Ele reforçou seu grande interesse na construção de uma universidade na zona leste.”

Maquete virtual exemplifica como ficará o campus depois de finalizadoA ideia da instalação da Unifesp na região remete ao tempo em que Haddad foi ministro da Educação (2005-11), quando investiu na ampliação da rede de universidades federais. Como prefeito, ele demonstrou intenção de dar tramitação rápida à questão burocrática, e conseguiu que a Câmara Municipal aprovasse em abril a concessão do terreno, travada ao longo da gestão Gilberto Kassab (PSD, 2006-2012).

Três dias antes, em 23 de setembro, moradores da região e movimentos sociais que militam pela construção do campus organizaram uma reunião e avaliaram que falta interesse da reitoria em acelerar as obras.

Segundo a assessoria da vereadora Juliana Cardoso (PT), que participou do encontro, os moradores decidiram elaborar uma carta exigindo a abertura de um curso de Direito no campus e a instalação de um observatório para acompanhamento das obras no terreno, além de um ato, marcado para o próximo dia 26, quando a área será simbolicamente abraçada. Eles reivindicam, ainda, uma reunião conjunta com representantes do MEC e da prefeitura.

Em abril, durante a primeira audiência pública sobre a Unifesp de Itaquera, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Speller, que representou o ministro Aloizio Mercadante, anunciou que colocaria à disposição da universidade 105 funcionários. Na reunião, os militantes criticaram o fato de a reitoria tê-los encaminhado para outros campi, segundo a assessoria da vereadora.

A pró-reitora de graduação informou, no entanto, que o MEC não encaminhou os servidores especificamente para o campus da zona leste. “Fomos uma das universidades federais que mais expandiram. Contamos hoje seis campi e não temos claro se esses funcionários serão para toda Unifesp ou só para a de Itaquera.”

“São dois discursos. Conosco dizem que está tudo andando, mas nas atas das reuniões do Consu (Conselho Universitário) não tratam da implantação”, afirmou padre Antônio Marchioni, mais conhecido como padre Ticão, uma das lideranças que militam pela universidade. “Se persistir essa postura elitista, vamos continuar reféns da vontade ou da falta de vontade deles.”

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