Reforma estatutária

Rodas propõe eleições diretas para reitor da USP

Segundo colocado em lista de escolha indireta e famoso por convocar PM para a Cidade Universitária, reitor diz que 'chegou a hora de dar o passo decisivo para ampliar a democracia'

Jornal do Campus

Protesto realizado na USP de Ribeirão Preto neste ano, referente à estrutura de poder da universidade

São Paulo – A reitoria da Universidade de São Paulo propôs hoje (10) a realização de uma reforma estatutária e de eleições diretas para o cargo de reitor. Em ofício, o atual reitor, João Grandino Rodas, disse que o tema foi discutido por duas vezes em sua gestão e considerou “indispensável agregar mais e mais pessoas no aprimoramento e na condução dos destinos da universidade”.

Rodas afirmou em carta enviada aos diretores de unidades e aos chefes de departamentos que vem amadurecendo esta posição desde 2009, e que “chegou a hora de dar o passo decisivo para ampliar a democracia na universidade, se esse for o interesse da comunidade”. O reitor afirma que não há sistema melhor que a democracia, por mais problemas que se possa encontrar, e que a escolha direta para o cargo máximo da USP deve ser acompanhada de votação de toda a comunidade para as demais funções. 

Hoje, as eleições para reitor da USP ocorrem por um processo indireto, compostas por dois turnos. No primeiro, representantes de estudantes, funcionários e professores elegem oito candidatos. No segundo, membros do Conselho Universitários e dos Conselhos Centrais escolhem três dos oito candidatos apresentados no primeiro turno e compõem a chamada “lista tríplice”, que é encaminhada ao governador, responsável pela escolha do reitor.

Mesmo tendo ficado em segundo lugar na lista tríplice, João Grandino Rodas, então diretor da Faculdade de Direito, foi escolhido reitor pelo governador à época, José Serra (PSDB). A gestão de Rodas, cujo término será em janeiro de 2014, também foi marcada pela greve decorrente da entrada da Polícia Militar no campus da USP em 2011, ocorrida após a morte do estudante da Faculdade de Economia e Administração (FEA), Felipe Ramos de Paiva, em 18 de maio de 2011.

O atual reitor já havia solicitado a entrada da Polícia Militar na Faculdade de Direito da Universidade, em 22 de maio de 2007, quando a Tropa de Choque prendeu cerca de 350 estudantes e integrantes de movimentos sociais que ocupavam a faculdade, em atividade integrante da jornada nacional em defesa da educação pública organizada. Esses episódios culminaram na consideração do reitor como persona non grata pela Faculdade de Direito, em setembro de 2011.

De acordo com o ofício, manifestações e sugestões das congregações das unidades e órgãos da USP devem ser enviadas à Secretaria Geral da Universidade até o dia 20 de setembro. As sugestões serão analisadas na sessão do Conselho Universitário, instância máxima de decisões na universidade, que ocorre no dia 1º de outubro.